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Num só blog, está tudo aqui! O MORE tem desabafos/opiniões em relação a mim e ao que se passa à minha volta. Tem sugestões de cinema, televisão e não só. E tem mais, muito mais...

28
Jan16

Para quando o regresso de "1+1=1"?

Para os que continuam à espera da continuidade da história “1+1=1” eu... peço desculpas! Ainda não tive a oportunidade de voltar a escrever os capítulos que restam. Eu já havia escrito uma boa parte da história, mas devido ao problema que tive com o computador, tudo foi à vida. Agora, pensei eu que com essas mini férias, iria aos poucos recomeçar a história mas a verdade é que não tive muita cabeça para escrever. Eu sei que há quem esteja à espera de saber o que irá acontecer entre o Artur e o Miguel mas, por favor, sejam um pouco mais pacientes. Assim que possível volto a pegar na história e prometo que em breve trago novidades.

16
Out15

1+1=1 (Parte 4)

Parte_4


 


Já recomposto da confusão que tinha sido aquele banho. Artur já vestido e cheiroso, preparava-se agora para sair de casa. Da dispensa tinha tinha apanhado alguns sacos para ir às compras e voltando à cozinha, pegou numa lista de compras que tinha feito. Depois, guardou o telemóvel no bolso, juntamente com as chaves do carro e saiu de casa.


 


Quando já na entrada do prédio, trancava a porta da sua casa, o seu vizinho do lado também saiu na companhia do seu cãozinho. Um cão que não ia com a cara de Artur, mas o sentimento era mutuo. Como não podia deixar de ser, o cão ladrou e ladrou sem parar quando Artur cumprimentou o vizinho. E o senhor, que era sempre muito simpático com Artur e até mesmo com a Mónica, apenas disse o seguinte:


 


— A noite de ontem foi longa!


 


— Desculpa!? — disse Artur confuso com aquela afirmação. O primeiro pensamento que lhe veio à cabeça, foi a do vizinho a espiar pelo buraquinho da porta, e a ver tudo o que se tinha passado ontem à sua porta. — O que foi que disse?


 


— Disse-lhe que a noite de ontem, parece que foi a mais longa e quente deste ano. — disse o senhor pegando no cachorrinho ao colo para ver se ele se calava. — Não sentiu?!


 


— Ah! Sim! Senti. — disse Artur aliviado por o vizinho estar apenas a falar do calor insuportável que tinha estado na noite anterior.


 


— E dizem que esta noite vai ser a mesma coisa. — continuou o senhor.


 


— Pois! Parece que o verão chegou mesmo para matar. — disse Artur. — Eu vou descendo.


 


— Vai! Não precisa esperar por mim.


 


O seu vizinho já era um senhor de uma certa idade. Já era viúvo desde há alguns anos e agora, tinha arranjado um cãozinho para lhe fazer companhia. Ele até era muito simpático mas andava muito lento. Por isso é que Artur quis seguir logo em frente. Como o prédio estava sem elevador, se Artur acompanhasse o senhor através das escadas, para assim conversarem mais um pouco, coisa que era frequente quando se encontravam no elevador, os dois iriam demorar uma eternidade até chegar lá baixo. Por isso, num passo mais largo, Artur desceu as escadas e quando finalmente chegou ao fim, pensou no sacrifício que iria ser, ter que subir depois aquelas escadas todas com os sacos de compras cheios. Bem! Na verdade ele não fazia questão de comprar muitas coisas. Os sacos não iriam ficar muito pesados mas Artur odiava subir as escadas. E isso fez com que ele deixasse uma nota mental na sua cabeça, dizendo que mais tarde, teria que reclamar com o administrador do prédio, por ainda não ter arranjado maneira de contactar alguém para arranjar o maldito elevador.


 


No carro, a caminho do supermercado, Artur foi ouvindo as noticias. Ouviu realmente aquilo que o seu vizinho já havia dito. De que esta noite as temperaturas iriam continuar a ser muito altas. E essa noticia, com mais a lembrança de ontem ter rebolado e rebolado na cama a morrer de calor, lá o convenceram de que era desta que ele iria comprar uma ventoinha. Ele não queria fazer hoje despesas extras mas a ventoinha já se estava a tornar um utensílio obrigatório para ter em casa. Por isso, ia procurar nem que fosse a ventoinha mais barata mas esta noite, ele não iria passar pelo mesmo martírio da noite anterior.


 


Quando já estava próximo do supermercado onde ele ia com mais frequência, devido aos preços baixos, Artur reparou que estava mesmo a passar pela escola de Miguel. Olhou depois as horas no seu carro e viu que faltavam poucos minutos para o exame terminar. E ao verificar tudo isso, o primeiro pensamento dele foi parar ali o carro e ficar para ver se Miguel tinha ido fazer o exame. Com esse pensamento na cabeça, a vontade dele foi mesmo pisar fundo no acelerador e ir-se embora dali de uma vez por todas mas não, o pensamento de parar falou mais alto. Tudo o que ele mais queria naquele momento, era evitar o Miguel. Evitar a sua presença e evitar ainda terem que falar daquele assunto que ficou por falar na noite anterior. Artur sabia que lhe tinha prometido que iriam depois falar sobre aquele beijo roubado, sobre os sentimentos que Miguel dizia ter por ele, mas que Artur sabia que era apenas coisa de criança. Artur sabia que mais cedo ou mais tarde, iria ter aquela conversa com Miguel mas ele ainda não estava preparado para isso. Preferia nunca mais ter que conversar sobre isso. Mas se por um lado, ele naquele momento queria evitá-lo, uma parte do pensamento de Artur dizia que não havia mal nenhum ele parar e ver se o Miguel tinha ido ou não fazer o exame. Afinal de contas, os dois tinham trabalhado imenso para que o jovem fosse e tivesse positiva no exame de matemática. Artur nem sequer queria imaginar, que por causa daquele drama da noite anterior, Miguel optasse por não ir ao exame. Optasse por ficar em casa deitado e quem sabe a chorar. A sofrer por um amor não correspondido. Se isso realmente fosse assim, Artur iria sentir-se pessimamente mal. Por isso, quando viu um lugar vago para estacionar, bem junto à escola, Artur estacionou o carro e desligou o motor. Uma vez mais veio o pensamento de que era um erro o que ele estava ali a fazer mas não, ele tinha mesmo que confirmar se o Miguel tinha ido e se tudo tinha corrido bem.


 


Dentro do carro e mesmo com a janela aberta, Artur sentiu calor e por isso, optou por sair dele. Foi encostar-se ao seu carro e quando ouviu o toque da campainha tocar, começou a ver uns primeiros alunos a sair. Alguns deles saiam com um olhar triste. Com um olhar de que as coisas tinham corrido mal e que por isso, teriam que voltar a estudar para a segunda fase. Havia também quem saísse pelo portão da escola com um ar de satisfação e outros até aos pulos e eufóricos. Artur só não percebeu se esses super animados estavam assim porque o exame tinha corrido bem, ou se era apenas porque aquele era o primeiro dia de férias que estava agora a começar. Foram muitos os alunos a saírem da escola mas por entre tantos jovens, Artur não conseguiu avistar Miguel e aos poucos, eram cada vez menos os alunos que saiam. Artur começou a ficar convencido de que o filme que tinha feito na cabeça, era afinal real. Como não o viu a sair da escola, ele achou que Miguel tinha desistido de tudo. Tinha ficado em casa a chorar, a desesperar e a achar que aquele era o fim do mundo. Artur sempre achou que Miguel não tinha perfil para desistir facilmente das coisas mas Artur também nunca imaginou ver Miguel no estado em que estava ontem. A chorar e a soluçar como uma criança. Uma criança perdida, indefesa e que tudo o que mais queria era um abraço.


 


Houve mais uns quantos alunos que saíram muito tempo depois mas nada do Miguel. Naquele momento, Artur arrependeu-se por na noite anterior, não ter dado a atenção necessária a Miguel. Arrependeu-se de não ter falado com ele, de não o ter levado a casa. Enfim! Artur nunca iria se perdoar se Miguel tivesse realmente desistido de tudo mas isso era o que parecia. E já farto de esperar, Artur optou por voltar para dentro do carro. Sabia que não iria encontrar Miguel à saída daquela escola mas... afinal ele estava enganado. Quando estava para entrar no carro, Artur avistou Miguel lá ao longe a sair de um dos pavilhões da escola. Estava acompanhado por uma bela moça. Uma rapariga mesmo muito gira, de cabelo comprido e liso. Uma ruiva de pele clara, alta e magra mas era uma magreza que lhe ficava muito bem. Tinha no corpo, uns calções de ganga curtíssimos e um top que ia até ao umbigo. Pela beleza e pela proximidade dos dois, Artur concluiu de imediato que aquela, só podia ser a rapariga que muitas vezes acompanhava Miguel ao cabeleireiro da Mónica. Rapariga essa que a Mónica estava convencida ser namorada de Miguel. E talvez, quem os visse agora ali, ao longe, bem juntinhos e até de mãos dadas, fosse de imediato concluir que os dois eram um casal de namorados. Um casal muito bonito por sinal, pois os dois combinavam muito bem um com o outro. Mas não! Artur agora tinha a certeza que aquela não era a sua namorada. Miguel era gay e Artur já tinha a certeza absoluta em relação a isso mas de qualquer forma... havia ali qualquer coisa de estranho. O modo como os dois andavam, balançavam de mãos dadas, sempre a olharem um para o outro com uma enorme cumplicidade. Ao ver aquela cena, até Artur ficou confuso. Mas ele não quis dar importância a essa confusão. O seu objectivo já havia sido comprido. Artur já tinha a confirmação de que Miguel tinha ido fazer o exame e pela alegria dos dois, era sinal de que as coisas tinham corrido bem para ambos. Por isso, não havia ali mais nada a fazer. Estava na hora de ir embora mas quando Artur estava para entrar no carro, o seu olhar cruzou-se com o de Miguel e nesse instante, ele não foi capaz de entrar no carro e ir embora a correr. Isso iria ser muito estranho. Iria dar a sensação de que ele estava ali apenas a espiá-lo. E por isso, quando já à saída do portão da escola, Miguel o viu e sorriu para ele, Artur acenou-lhe a mão e foi encostar-se novamente ao carro. Naquele instante e devido à distância, Artur não conseguiu perceber o que Miguel e a rapariga falaram, mas da forma como ambos olharam apara ele, deram-lhe a sensação de que os dois estavam a falar de si e isso deixou-lhe bastante desconfortável. Por momentos, sentiu que os dois estavam a rir-se dele e quando sentiu isso, só teve vontade de ir embora mas lá continuou. Os dois ainda falaram mais algumas coisas mas depois, com um beijo na boca, os dois jovens se despediram-se e foi cada um para o seu lado. A rapariga seguiu em frente no sentido contrário e Miguel aproximou-se de Artur, que ainda estava confuso com aquilo que tinha acabado de ver, Miguel a beijar na boca a sua colega.


 


— Olá! — disse Miguel parando mesmo em frente de Artur que respondeu logo de seguida.


 


— Olá!


 


— Vieste confirmar se eu vinha mesmo fazer o exame? — perguntou ele, deixando com que Artur fica-se um pouco sem palavras.


 


— Não! Eu... Eu estava aqui de passagem e ao ver-te, achei por bem parar para saber se tinha corrido bem.


 


— Sei! — disse Miguel com ar de quem não estava acreditar na sua palavra.


 


— E então? — continuou Artur. — Como é que correu?


 


Por momentos Miguel nada lhe disse. Quis criar ali um momento de suspanse pois conseguiu perceber que Artur estava mesmo curioso em saber como tinha corrido. Mas depois não resistiu. Com um sorriso rasgado no rosto, lá acabou por dizer.


 


— Correu muito bem. E graças a si.


 


— Não! — interrompeu Artur. — Tudo isso graças a ti que és um miúdo inteligente.


 


— Eu não sou nenhum miúdo! — disse de imediato Miguel ao ouvir as palavras de Artur e com um ar bastante sério. Com toda aquela frontalidade, Artur já nem soube o que dizer. Percebeu de imediato que o assunto que ele não queria de forma alguma ter com Miguel, iria saltar à baila. Mas não! Por momentos ficaram ambos em silêncio e Miguel não aprofundou ainda mais a sua afirmação o que por momentos, deixou Artur aliviado. Mas Artur sabia que mais cedo ou mais tarde, eles iriam mesmo ter aquela conversa. Para já, Miguel limitou-se apenas a perguntar, já com o sorriso novamente no rosto. — Já que estavas por aqui de passagem, ias para onde, posso saber?


 


— Eu ia ali ao supermercado. Vou  ter que fazer umas compras.


 


— Óptimo! — disse Miguel. — Eu também vou ter que passar por lá para comprar umas coisas. Vamos?!


 


E sem que Artur estivesse à espera, Miguel entrou de imediato no carro, no lugar do pendura, deixando Artur de boca aberta e sem saber o que fazer.


 


— E então?! Não vamos? — disse Miguel ao ver a demora de Artur em entrar no carro. E quando Miguel já estava para fechar a sua porta, Artur agarrou nela dizendo:


 


— Eu acho que é melhor...


 


— Calma! — disse Miguel interrompendo-o. — Eu não te vou morder. Só estou a pedir uma boleia até ao supermercado, pode ser?


 


Artur ainda não estava convencido. A ideia de estar num espaço tão pequeno, com um jovem que lhe tinha roubado um beijo na noite anterior, não lhe agradava nem um pouco. Mas Miguel já estava bem acomodado no seu banco. Não havia agora maneira de o tirar de lá e por isso, Artur limitou-se apenas a fechar a porta do carro e a entrar logo de seguida no seu lugar.


 


A distancia entre a escola e o supermercado era curta, muito curta. Não dava para ter qualquer conversa e realmente os dois não tiveram. Durante a curta viagem, limitaram-se a estarem calados. E enquanto que Artur esteve sempre com um olho na estrada e outro em Miguel, para já estar preparado caso o jovem tentasse algo contra si, Miguel estava ali, mas era como se não estivesse. Durante todo o tempo olhou apenas pela janela. Em momento algum virou a sua cabeça, o seu olhar para ir de encontro ao olho de Artur que não parava de o espiar. Artur ficou aliviado por saber que Miguel não estava ali sempre a olhar para ele, com aquele mesmo olhar aterrador da noite anterior mas houve ali qualquer coisa que deixou Artur bastante incomodado. Por momentos Artur achou que Miguel estava ali a ignorá-lo por completo. E tal como qualquer pessoa, Artur também não gostava nada de ser ignorado.


 


Quando chegaram à rua do supermercado, havia muitos lugares disponíveis para estacionar mas em vez de Artur fazer isso, ele limitou-se a encostar o carro na berma da estrada e a ligar os 4 piscas do carro. E só nesse momento em que os seus olhares se cruzaram. Achando estranho o facto de não estacionar, Miguel perguntou-lhe:


 


— E então? Não vais estacionar?


 


— Eu... — começou por dizer Artur, um pouco confuso. — Vai tu! Eu depois passo mais tarde por aqui para fazer as minhas compras.


 


— Como assim? Não estou a perceber! — disse Miguel ainda mais confuso. — Porque não vens agora que cá estamos?


 


— É que...


 


Artur tentou arranjar uma explicação para não sair com ele e irem juntos ao supermercado mas a verdade é que ela não tinha uma explicação lógica. Ele já estava ali à porta do supermercado. Era só sair do carro, fazer as compras e voltar para ir para casa mas havia ali qualquer coisa que o impedia de fazer isso e ele não soube explicar. Mas Miguel lá acabou por perceber tudo.


 


— Ah! — disse Miguel — Já estou a ver! Tu tens vergonha de estar comigo é isso?


 


— Não! Claro que não! — disse Artur parecendo surpreso com a questão de Miguel.


 


— Tu tens medo de estar ao meu lado? — continuou Miguel.


 


— Não! Não sejas parvo! Não é nada disso é que...


 


E mais uma vez Artur não conseguiu explicar o porque de um momento para o outro desistir de ir fazer compras. Será que apesar de negar, a companhia de Miguel deixava-o um pouco perturbado? Seja lá o que fosse, depois de ver o olhar reprovador de Miguel, Artur lá decidiu estacionar o carro no primeiro lugar vago que encontrou. E sem dizer mais nada, desligou o motor, pegou nas chaves o nos sacos que estavam no banco de trás e quando estava para abrir a porta, Miguel disse o seguinte:


 


— Tu não precisas ter medo de mim.


 


— Não é isso! — disse Artur sem conseguir olhar para Miguel e pronto a abrir a porta. Mas Miguel continuou.


 


— Ouve?! Se tu não quiseres, aquilo que aconteceu ontem nunca mais vai voltar a acontecer.


 


E sem dizer mais nada, Miguel foi o primeiro a abrir a porta e a sair do carro. E Artur ainda mais confuso olhou para ele a aproximar-se da entrada do supermercado. E talvez, com aquela ultima afirmação do jovem, Artur pudesse achar que podia estar mais aliviado em relação às intenções do jovem ladrão de beijos mas não, houve qualquer coisa na sua afirmação que o deixou ainda mais confuso. E sim! Deixou-o com medo. Aquele “Se tu não quiseres” deixou-lhe a pensar e naquele curto espaço de tempo ele chegou a uma terrível conclusão. Mesmo sem querer, Artur já estava a dar esperança àquele jovem apaixonado, de que algo entre eles poderia acontecer. E pior! Naquele momento o Miguel já estava convencido de que se houvesse um novo beijo entre eles, esse beijo ia partir do Artur. Por isso aquele “Se tu não quiseres”. Miguel apenas estava a pedir a Artur para ter calma, para ficar descansado pois ele não lhe iria roubar mais nenhum beijo. Não iria fazer isso pois já sabia que um dia era Artur quem iria querer beijá-lo e Miguel era paciente. Ia saber esperar o tempo que fosse. E com essa horrível conclusão na cabeça, Artur só pensou em ligar novamente o motor do carro e zarpar dali para fora. Mas depois lembrou-se que ele era um adulto. Se havia ali uma criança a ter direito a atitudes menos correctas era o Miguel e não ele. Por isso não havia o que fugir. Não havia o que ter medo. Artur era adulto e sabia muito bem aquilo que queria e o que não queria. E naquele momento, se havia ali certeza bem vincada na sua cabeça, era a certeza de que nada mas mesmo nada iria acontecer entre eles. Por isso não havia o que recear. Artur saiu do carro e seguiu em direcção a Miguel. Ou melhor! Seguiu em direcção à entrada do supermercado, que era onde Miguel já o aguardava.


 


Mesmo sabendo que não iria comprar muitas coisas, Artur em vez de um cesto de compras, optou por um carrinho. E depois, seguindo a ordem que tinha na sua lista de compras, foi colocando um a um dos artigos no carrinho. Miguel apenas o seguia por entre os corredores do supermercado que àquela hora, tinha umas duas pessoas a fazerem o mesmo que eles. Se bem que Miguel nada estava a pegar para levar. Apenas acompanhava e de vez em quando, era mesmo ele quem comandava o carrinho de compras de Artur.


 


Os dois ainda ficaram um bom tempo a andar pelos corredores mas durante todo esse tempo, nada disseram um ao outro. Estavam ali juntos a fazerem compras mas era como se não estivessem. Havia ali um profundo silencio entre eles que com certeza, devia incomodar a ambos mas nenhum quis dar a primeira palavra. Artur limitou-se a pegar apenas nas coisas que tinha na lista e quando já tinha chegado ao fim é que lembrou-se talvez do mais essencial, a ventoinha. Ele sabia que aquele supermercado vendia umas ventoinhas baratas mas quando andou à procura delas, não as via em lado nenhum. Perguntou a uma funcionária que se cruzava com eles mas ela lá deu-lhe a triste notícia de que o artigo estava esgotado. Parece que não era dessa que Artur teria um ar fresco no seu quarto durante a noite.


 


Já com tudo no carrinho, os dois dirigiram-se até à caixa e só mesmo nessa altura é que Artur percebeu que Miguel não tinha pegado em nada. E também só nessa altura é que voltaram a falar.


 


— Mas não vais levar nada?


 


— É que eu me esqueci do que tinha para comprar. — disse Miguel. — Para a próxima já sei. Faço uma listinha como o senhor Artur.


 


— Para de me chamar de senhor. — disse Artur colocando as primeiras compras no tapete da caixa. E no momento em que Miguel começou a ajudá-lo a colocar os artigos no tapete, as suas mãos se tocaram e quando o olhar de ambos ia novamente se cruzar, aquele momento foi interrompido com a fala do operador da caixa.


 


— Bom dia! — disse ele. — Têm cartão cliente?


 


— Sim! Tenho! — disse Artur olhando para o jovem e pegando depois na sua carteira do bolso. E enquanto procurava pelo cartão, Artur percebeu um clima estranho por ali. Por momentos, Artur achou que Miguel deixou de sentir a sua presença pois agora, Miguel só tinha mesmo olhos para o jovem operador de caixa. Um jovem simpático, bonito, que já tinha atendido várias vezes o Artur. Um jovem com os seus 20 anos que não ficou nada intimidado com o olhar intenso de Miguel, muito pelo contrário. Enquanto passava os artigos pelo leitor, o jovem trocava olhares com Miguel. De vez em quando olhava também para Artur, mas rapidamente o seu olhar e o seu sorriso voltavam para Miguel que não parava de olhar para o jovem. E mais! Para além de olhar, com aquele estranho olhar guloso, de vez em quando Miguel passava a língua pelos seus lábios. Sem dúvida alguma, havia ali qualquer coisa entre aqueles dois jovens à flor da pele e pela segunda vez em pouco tempo, Artur sentiu-se ignorado. E mais uma vez ele não gostou de sentir-se assim.


 


No final das contas, Artur pagou o que devia e o operador de caixa despediu-se deles com um:


 


— Volta sempre!


 


E Artur percebeu de imediato que aquele “volta sempre” não era para ele. Era sim para o Miguel, que com um sorriso de orelha a orelha, despediu-se do jovem apenas com o olhar.


 


Com a ajuda de Miguel, Artur levou os sacos das compras para o carro e foi só nesse momento, quando ambos já estavam junto ao carro, é que Artur sentiu que voltou a existir para Miguel.


 


— Eu não quero abusar mas será que podes dar-me boleia até casa? — perguntou Miguel. — Eu moro aqui perto. O desvio não vai ser grande.


 


Mas Artur nem lhe disse que sim, nem mesmo um não, limitou-se a ficar calado e a arrumar as compras no carro. Por isso Miguel acabou por concluir que ele não se importava de dar-lhe boleia. E quando as compras já estavam todas no carro e ambos entraram nele, é que Miguel lembrou-se.


 


— É isso! — disse ele. — Já sei o que tinha para comprar. Podes esperar aqui por mim só por um segundo, para eu ir até a loja buscar.


 


Artur fez-lhe cara feia mas mais uma vez não respondeu.


 


— Eu prometo ir num pé e voltar noutro.


 


E Miguel saiu do carro. Mas antes de correr novamente para a entrada da loja, ele através da janela do carro disse:


 


— Vais esperar por mim, não vais?


 


— Vai lá! — disse Artur já chateado. — E não te demores.


 


E Miguel foi, deixando Artur sozinho ali no carro. Sozinho e a pensar com os seus botões. Porque razão ele haveria de esperar por Miguel? Porque teria ele que dar-lhe boleia até casa? Essas foram apenas algumas perguntas que surgiram na sua cabeça. Artur estava um pouco chateado. Chateado porque detestava que lhe mentissem. E claramente, o Miguel não tinha parado de fazer outra coisa se não mentir. Mentiu quando ofereceu-se para acompanhar até à loja a dizer que também tinha compras para fazer e agora, Artur tinha a certeza absoluta de que Miguel tinha voltado a mentir. Para Artur, ele não tinha voltado àquela loja para comprar seja lá o que fosse. O único motivo para ele ter voltado, seria apenas para poder continuar a flertar com o jovem da caixa. Com certeza iriam trocar números de telemóveis e isso era algo que Artur não estava a gostar nada. Não que ele fosse contra o facto de os dois andaram a namoriscar e a trocarem números de telemóvel. O que ele não gostava era de mentiras e ele sabia que Miguel tinha mentido. E agora estava frustrado porque tinha dado a entender de que sim, iria esperar por ele para o levar a casa e por isso, não tinha agora coragem de ir embora sozinho. Mas afinal Artur estava enganado. Miguel não tinha mentido.


 


Pouco tempo depois, Miguel voltou a entrar no carro e consigo, trazia um saco com qualquer coisa que Artur não conseguiu perceber o que. Mas seja lá o que fosse, Miguel tinha mesmo comprado algo e isso, fazia com que Artur se sentisse mal por duvidar da palavra do jovem.


 


— Podemos ir? — perguntou Miguel e Artur ligou o carro para partirem.


 


Passado um tempo, os dois já estavam à porta do prédio de Miguel. Um prédio alto, bonito e só para gente que tinha muito dinheiro.


 


— Obrigado pelo boleia.


 


— De nada! — disse Artur à espera que Miguel saísse do carro mas não. Miguel lá ficou. Era como se estivesse à espera de algo e Artur apercebeu-se disso. Mais uma vez Artur sentiu que aquele ia ser o momento em que inevitavelmente, teriam que falar sobre o que tinha acontecido ontem. E talvez Miguel não dizia nada naquele momento porque estivesse à espera que Artur desse o primeiro passo. E de facto até deu. Com muito custo, Artur quis conversar sobre o assunto apenas para dar um ponto final nesse tema. Um ponto final nesse clima constrangedor. Os dois já se conheciam há seis meses, mas agora era como se não se conhecessem e isso era estranho. Muito estranho. Por isso, de forma a quebrar com aquele silêncio, Artur disse o seguinte: — Eu sei que ontem prometi que falaria contigo sobre o que aconteceu ontem e... eu não estou a fugir do assunto só que...


 


— Eu hoje faço anos! — disse Miguel assim de repente.


 


— Tu fazes o que? — perguntou Artur confuso.


 


— Hoje é o meu aniversário.


 


— A sério?


 


— Sim! Eu faço 18 anos.


 


Dezoito anos, pensou Artur. Afinal, aquele miúdo que estava ali ao seu lado já não era assim tão miúdo. Já tinha 18 anos. E como aquela revelação tinha-lhe apanhado de surpresa, Artur ficou sem saber o que dizer. Miguel é que continuou o seu discurso.


 


— Eu não vou fazer nenhuma festinha mas combinei com uns amigos um jantarzinho naquele restaurante japonês ao pé do trabalho da Mónica. Vai ser só eu e mais três amigos mas eu gostaria muito que fosses.


 


— Eu?! — disse Artur surpreso. — Eu agradeço pelo convite mas eu acho que...


 


— Vai ser só um jantar! E eu sei que o Artur gosta de sushi.


 


— Sim! Eu gosto! — confirmou Artur e agora, mesmo ele detestando mentiras, era ele quem estava prestes a dizer uma. — É que eu já tenho outros planos para esta noite.


 


— Não faz mal! — disse Miguel e Artur ficou aliviado por ele não insistir. Mas depois do alivio, veio novamente a surpresa quando Miguel continuou a falar. — Depois desses outros planos, passa lá pelo restaurante. Nós vamos estar por lá. As vinte e uma trinta, pode ser?


 


E antes que Artur desse uma resposta, Miguel saiu do carro e foi a correr para dentro do prédio. Por momentos Artur ainda lá permaneceu-se parado. Arrependeu-se de não ter deixado bem claro de que não podia ir a esse jantar. Ou melhor, a questão não era o poder ir, era sim a vontade de ir. Apesar de já ter 18 anos e de se tornar um homenzinho, Artur não achava correcto essa aproximação. Afinal de contas ele era como se fosse um professor para o Miguel. E não era correcto um professor ir a um jantar de um aluno. Artur ainda pensou, mesmo ali, em escrever-lhe uma mensagem a dizer que não ia dar para ir mas mudou de ideias. Preferiu ir-se embora e esquecer o assunto.


 


CONTINUA...


 


12
Out15

1+1=1 (Parte 3)

Parte_3


 


Foi ao som de um toque de telemóvel que Artur acordou na manha seguinte. Depois de uma estranha noite, ele tinha acabado por dormir na sala. Apenas com os boxers no corpo, ele estava estendido no sofá e pelo chão, estava a sua t-shirt, os calções, algumas almofadas, as chaves do carro e ainda o seu telemóvel. A janela da sala estava completamente aberta e os raios de sol já iluminavam toda aquela divisão da casa.


 


Quando ouviu o som do toque do telemóvel, Artur acordou um pouco assustado. Talvez mais confuso. Olhou à sua volta e por momentos estranhou ter ficado na sala a dormir. As mãos que foram directas à cabeça, deram sinais de que ele estava com uma terrível dor de cabeça. Olhou depois para o relógio junto à televisão e assustou-se quando verificou que já faltavam poucos minutos para as 11 horas. Felizmente ele naquele dia estava de folga do part-time no call center, mas mesmo que não tivesse, a sua cara de mal disposto dava a entender que ele hoje não teria paciência nenhuma para aturar clientes chatos a reclamar ao seu ouvido. Sentou-se no sofá e pegou no telemóvel do chão para ver a mensagem que tinha recebido. Rapidamente verificou que era uma mensagem da Mónica que ele leu em seguida:


 


«Já estás acordado?» perguntava ela na mensagem, ao que o Artur respondeu logo dizendo que sim. E sem demoras, a Mónica enviou-lhe outra mensagem que dizia o seguinte:


 


«Eu já estou no hospital como a minha irmã e com a minha mãe. Estamos à espera de sermos chamadas e estamos todas aqui cheias de medo.»


 


E ao ler a mensagem, Artur ficou sem saber o que dizer. Ele sabia que neste momento difícil, era importante ele apoiar a sua namorada mas às vezes ele não sabia como. Nunca tinha passado por uma situação dessas e estar dentro de um problema familiar que não era propriamente seu, deixava-o um pouco incomodado. Ele tentava fazer de tudo para dar força à sua namorada mas ele tinha a perfeita noção de que naquele momento, e durante os últimos meses que passaram, ele não estava a ser propriamente o melhor namorado do mundo. Mas perante aquela mensagem, ele respondeu o seguinte:


 


«Não te preocupes! Vai correr tudo bem!» e isso era o que ele sempre dizia, se bem que lá no fundo, ele tinha sempre receio de que as coisas não corressem realmente tão bem como ele queria. E depois de ter enviado essa mensagem, ele enviou logo outra de seguida com o texto: «Queres que eu vá aí ter com vocês?»


 


«Não! Não é preciso! Este momento para já terá que ser só nosso.» respondeu ela.


 


«Mas vai dando-me notícias.» respondeu de imediato Artur e logo recebeu a resposta dela.


 


«Claro! Assim que possível já te digo alguma coisa!»


 


Para terminar essa troca de mensagens, Artur terminou enviando-lhe uma mensagem com alguns corações e com um beijo. Por momentos ainda ficou à espera de uma resposta dela, com uma outra mensagem de amor da sua parte mas não. Ele bem que esperou mas a sua mensagem tinha mesmo sido a última. E com a falta dessa resposta que ele até gostava de receber, para ver se pelo menos o seu dia começava da melhor forma, veio à memória dele de que já não era a primeira vez que isso acontecia entre eles.


 


Nesses últimos meses a Mónica praticamente não parava em casa. Se não estava no trabalho, ela estava era na casa da mãe. Às vezes, Artur até achava que ela já se tinha mudado de vez novamente para a casa da mãe. E das poucas vezes que se viam, era quando ele fazia-lhe uma visita ao trabalho, ou então, quando ela passava por casa, para buscar algumas roupas para depois voltar para a casa da mãe. Quase nunca estavam juntos. Pouco ou nada falavam e quando falavam era apenas sobre coisas banais. Trocavam eram muitas mensagens por telemóvel. Isso era frequente todos os dias mas o que infelizmente também era frequente, era Artur através dessas mensagens demonstrar o carinho e o amor que tinha por ela e por outro lado, ela nunca corresponder a essas demonstrações de amor. À semelhança do que tinha acabado de acontecer, Artur tinha ficado a aguardar uma resposta dela, com pelo menos a mandar-lhe um beijo, a desejar-lhe um bom dia mas não. Isso não aconteceu e Artur já começava a ficar um pouco confuso e preocupado em relação a isso. Será que a Mónica estava a deixar de gostar dele? Esse era sempre o seu primeiro pensamento mas depois ele acordava para a vida e percebia que o mundo não girava só em torno da vida dele e da Mónica. Neste momento, haviam coisas mais sérias, mais importantes do que pensar. E uma dessas coisas era o terrível drama pelo qual a Mónica estava a passar no momento.


 


Apesar de nesses dias sentir muito a falta da Mónica, ele compreendia e aceitava essa sua ausência. Ele compreendia o facto dela neste momento não ter cabeça para o amor. Talvez quem passa por uma situação idêntica, talvez opte por deixar de lado um pouco o amor entre namorada e namorado e passe a dedicar-se única e exclusivamente ao amor de uma filha por uma mãe e de uma mãe por uma filha.


 


Há uns meses atrás, a dona Celeste, mãe da Mónica, tinha descoberto uns nódulos na sua mama e tendo em conta o longo historial de mulheres da família dela que já tinham morrido de cancro, essa descoberta foi um choque não só para a Celeste, como também para a Mónica e a sua irmã Mariana. Rapidamente ela fez alguns testes e acabou-se por descobrir o pior. O nódulo que tinha na mama era maligno e seria necessário passar por alguns tratamentos. Tratamentos esses que passaram pela retirada do seio e por quimioterapia. Nesses momentos difíceis, tanto a Mónica como a irmã, sempre estiveram do lado da mãe e se Artur tivesse uma mãe a passar pelo mesmo, talvez ele faria o mesmo que a sua namorada estava a fazer agora com a sua. Por isso ele compreendia essa ausência. Compreendia que primeiro, está a saúde e o bem estar da sua sogra e só depois é que ele devia pensar em si. E quando há um mês atrás parecia que os tratamentos estavam a correr bem, o médico veio com a suspeita de que afinal, o tratamento não estava a fazer efeito e que o tumor, andava a alargar-se para outras áreas do corpo. Foram feitos uns exames para acabar com essas suspeitas e hoje, hoje seria o grande dia. Hoje era o dia em que das mãos do médico, a Celeste iria receber os resultados desses últimos exames. Por essa mesma razão é que a Mónica estava no Hospital a acompanhar a mãe. Era preciso estarem todas juntas neste momento. E num drama assim tão grande, Artur não conseguia às vezes reagir como devia de ser. Ele queria acreditar que tudo ia correr bem mas Artur sempre tinha sido um homem muito pragmático e tendo em conta os relatórios anteriores de alguns médicos a quem elas tinham pedido outras opiniões, Artur desconfiava que nada mais havia a fazer. Só que não tinha coragem de comentar essa sua opinião com a Mónica. Por essa razão, também não conseguia como transmitir força e coragem para ela. Artur sabia que mais cedo ou mais tarde ela iria sofrer ainda mais e até agora, ele não sabia como é que iria lidar com esse assunto. Para já, o importante foi esquecer esse assunto por alguns momentos. Pelo menos para ver se ele conseguia ter uma manha mais sossegada, mais animada mas... isso acabou por não ser possível.


 


Quando levantou-se do sofá, a dor de cabeça ainda era permanente. Seguiu até à cozinha e quando abriu a porta do frigorifico,  reparou que esse estava completamente vazio. Lembrou-se de imediato que hoje, sem falta, teria que ir ao supermercado fazer compras. Ali abandonado no frigorifico, lá acabou por encontrar uma maça ainda em condições. Pegou nela e nem hesitou em dar uma trinca. Depois, fechando a porta e continuando a comer a sua maça, foi até à janela onde lá parou para olhar a rua. Para olhar a paisagem que apesar de não ser nada de especial, o distraia enquanto acabava de comer aquela maça. Quando já não havia o que comer, colocou o resto da maça no lixo e no armário da cozinha procurou por lá uma caixa de comprimidos que ele sabia que andava por ali. A dor de cabeça mantinha e ele não estava disposto a esperar que ela desaparecesse assim do nada. Quando encontrou a caixa, colocou um comprimido na boca e com a ajuda de um copo de água, engoliu-o na esperança de que essa dor desaparece e não estragasse o seu dia de folga. Um dia em que não tinha nada planeado para fazer, que muito provavelmente iria ser para ficar em casa, estendido no sofá a ver as suas séries favoritas, mas mesmo para isso, ele queria estar bem. Queria ter um bom dia, animado e sem as dores.


 


As horas passavam e já começava a ficar tarde. Por isso, Artur seguiu para casa de banho onde aí, estava disposto a tomar um bom banho para ver se refrescava. Abriu a torneira do chuveiro entre o quente e o frio e quando parou à frente do espelho, lembrou-se que tinha que fazer a barba mas... não! Ele naquele momento não tinha cabeça nenhuma para aquilo. Aliás! Se havia coisa que o Artur odiava era ter que fazer a barba. Por isso, de forma a não ter que passar as lâminas pelo seu rosto sensível, ele já há muito que tinha optado por um visual com barba. Mas não daqueles visuais com uma barba farfalhuda como andava agora muito na moda. Com a ajuda de uma máquina de cortar cabelo, ele de vez em quando aparava a barba mas deixava sempre aquele ar de quem tinha uma barba de três dias por fazer. Não era uma barba longa, mas era o suficiente para dar-lhe um ar mais adulto. É que apesar dos seus 28 anos, Artur não conseguia deixar de lado aquele seu ar muito juvenil. Ele não era muito alto. Tinha por volta de um metro e sessenta oito e depois era muito magro. Mas mesmo muito magro. Daqueles que eram só pele e osso. Ele às vezes fazia de tudo para ganhar uns quilinhos mas nunca tinha essa sorte. Ele era daqueles que por vezes comia e comia sem parar mas o seu organismo não permitia que ele engordasse. A única solução para ganhar mais corpo, seria a ida ao ginásio com frequência e aderir à prática da musculação. Por diversas vezes ele pensou nessa possibilidade, a fim de conseguir ganhar alguma massa muscular mas de momento, não dava para ter gastos extras na vida dele. Todos os meses ele já tinha que pagar a casa, pagar o conteúdo da casa e as suas despesas, tinha ainda que pagar pelo carro, enfim... Neste momento, tanto ele como a Mónica andavam atolados de dívidas e apesar de agora até ganharem um pouco mais, havias gastos que nenhum deles queriam ter no momento. E o ginásio era um desses. Apesar de gostar de ver-se com mais corpo, com uns abdominais bem definidos, ele até estava satisfeito com o seu corpo. E porque é que não havia de estar? Pelo menos a Mónica nunca havia reclamado sobre a sua magreza. Nunca havia reclamado do seu visual. Gostava dele tal e qual como ele era e isso era o suficiente para ele. Mas apesar de magro, Artur sabia que era bonito. Sim! Ele era um jovem muito bonito. Tinha uns cabelos castanhos e encaracolados, que a Mónica adorava passar a mão, brincar com os seus muitos caracóis. Tinha uns olhos verdes e fascinantes, que estavam quase sempre escondidos por de trás de uns óculos não muito graduados. Sim! Para além de professor, Artur tinha mesmo aquele ar de intelectual. Um intelectual de óculos, com a armação partida mas nem para isso, ele queria agora gastar dinheiro.


 


Depois de ter cedido à preguiça de aparar a barba, Artur despiu os seus boxers de super homem e lá acabou por entrar dentro do chuveiro. E apesar de ser um homem de barba, Artur até nem tinha muitos pelos no corpo. Tinha alguns no peito, na barriga, nas pernas mas não era assim nada de especial. E ainda bem para ele, pois ele não era muito fã de pelos.


 


A água morna começou a escorrer pelo seu corpo e essa era uma sensação boa para Artur que começava a sentir algum alivio na cabeça. E com esse alívio, ele acabou por sentir uma necessidade que já começava a ser frequente nas suas manhas, enquanto tomava banho. Devido aos problemas familiares, Artur e Mónica já não tinham propriamente uma vida sexual há já algum tempo. Artur preferia até nem pensar há quanto tempo não tinha sexo com ela. Sabia apenas que já fazia alguns meses desde a ultima vez em que realmente tinha havido sexo e ele começava já a sentir falta desse momento a dois. Das vezes em que a Mónica regressava a casa e os dois dormiam juntos na mesma cama, muitas foram as vezes em que ele tentou mas o cansaço e a falta de vontade  da Mónica, sempre fizeram com que ele recuasse. Mas Artur era humano. Era um homem como qualquer homem e por isso, havia dias em que a tal necessidade falava mais alto. E não! Nunca pensou trair a namorada apenas para aliviar-se dessa necessidade e oportunidades até nem lhe faltavam. No call center do trabalho, havia uma rapariga com quem ele dava-se muito bem e que por diversas vezes ela já tinha dado sinais de que estaria disposta a ir para a cama com ele mas não, Artur não era capaz. Sentia saudades do sexo, sentia saudades daquela boa sensação do corpo a corpo, sentia saudades de abraçar e beijar o corpo nu da sua mulher mas... enquanto o drama da sua mãe não chegasse ao fim, ele sabia que da parte da Mónica não iria conseguir satisfazer essa sua necessidade. Por isso, apesar de nunca ter sido muito frequente a pratica da masturbação ao longo de toda a sua vida, ao fim de um tempo, Artur começou a dar prazer a si próprio durante os banhos da manha. E essa era a vontade que ele tinha naquele momento.


 


Já com o seu pénis completamente erecto, Artur foi-se masturbando. Primeiro com movimentos mais curtos, a pensar na boca húmida e fresca da sua namorada. A pensar nos seus seios, que apesar de não serem muito grandes, eram o suficiente para ele imaginar em estar ali a agarra-los, beija-los, e a lamber os seus mamilos. E enquanto o seu pensamento estava perdido na beleza nua e crua da sua namorada, Artur começava a acelerar nos movimentos de prazer e enquanto se masturbava, imaginava a sua mão percorrer o corpo de Mónica até chegar aquele ponto mágico. Ao ponto maravilhoso que dava tanto prazer a ele, como também a ela. E só de imaginar passar a mão por ali, passar a sua boca e beijar aqueles lábios inferiores da Mónica, uns lábios carnudos e deliciosos, isso fazia com que ele sentisse ainda mais prazer nesse momento de sexo a solo. E quando os seus movimentos começaram a ser mais rápidos, quando ele sentiu que já estava perto de ter aquela explosão maravilhosa de prazer, algo estranho aconteceu nos pensamentos. Num rápido abrir e fechar de olhos, a imagem da Mónica nua e esbelta à sua frente evaporou-se por completo e o único pensamento que ele conseguiu ter naquele momento, foi o de Miguel a beijar-lhe os lábios. E não! Não um daqueles beijos rápidos e simples que Miguel tinha-lhe roubado na noite anterior. No seu pensamento, enquanto a sua mão massajava com prazer o seu pénis, Miguel beijava-o com muita intensidade. Um beijo em que a língua do jovem entrava na sua boca e brincava com a sua língua. Um beijo, onde com delicadeza Miguel mordia-lhe o lábio inferior. Um beijo quente, um beijo arrebatador e todo esse pensamento começou a fazer-lhe imensa confusão na cabeça. Artur ainda tentou apagar esse pensamento e voltar a ter a sua namorada à frente mas isso não foi possível. Artur ainda tentou parar aquele momento de masturbação, pois os pensamentos actuais estavam a dar-lhe nojo mas não, isso também não foi possível. Artur continuou e sentia que já estava quase, quase a vir-se mas não havia meio da Mónica voltar ao seu pensamento. Ali só havia espaço para um e esse um era o Miguel. Um Miguel que agora, para além dos beijos na boca, começava a beijar-lhe o pescoço, a beijar o seu peito, o seu mamilo, a sua barriga, o seu umbigo e Artur achou que já não conseguia mais evitar. Mesmo não querendo, era com a imagem de Miguel a beijar-lhe que ele ia concluir o seu momento de prazer. E essa imagem, tão forte que parecia real, continuava sem parar. Miguel beijava-lhe um umbigo e foi descendo pela sua zona pélvica e quando Miguel chegou lá... Artur não aguentou mais. Gemeu de prazer com aquele orgasmo maravilhoso que acabara de ter e vendo o seu muito esperma misturar-se com a água e a desaparecer pelo cano abaixo, Artur encostou-se à parede. Estava cansado mas estava bastante aliviado. Bastante satisfeito mas... estava também assustado. Confuso. Com nojo de si próprio e já não sabia mais em que pensar. Depois do prazer, veio a desilusão e sem saber o que fazer, apenas disse:


 


— Mas que merda foi esta?


 


CONTINUA...


 


02
Out15

1+1=1 (Parte 2)

Parte_2


 


Ao fim de seis meses de convivência, em que praticamente se viam todas as semanas, Artur já havia percebido que Miguel era diferente. Os dois nunca chegaram a conversar sobre o assunto e nem mesmo tinham que conversar mas Artur, já havia desconfiado várias vezes de que o jovem a quem ele dava explicações de matemática, era homossexual. Ele até já tinha comentado sobre o assunto com a Mónica. É que tal como Artur, a Mónica também passava algum tempo com Miguel todas as semanas. Assim que Artur começou a dar explicações a Miguel, o jovem optou por fazer da Mónica, tal como a sua mãe já havia feito, a sua cabeleireira de eleição. E Miguel era vaidoso. Muito vaidoso mesmo! Estava sempre muito bem vestido, com as roupas do momento e sempre de marcas bem caras. E todas as semanas fazia questão de estar aos cuidados da Mónica para mudar o seu corte de cabelo. As vezes a mudança era pequena mas era o suficiente para ele ter sempre um novo e diferente visual todas as semanas. Está certo que a vaidade não era o suficiente para Artur considerá-lo gay. Havia outros motivos para ele ter chegado a essa conclusão, motivos esses que Artur preferiu nunca mencionar à sua namorada, nos momentos em que falavam tanto de Filó, que era uma autentica personagem, como do seu filho Miguel. E das vezes todas que falaram sobre a suposta homossexualidade do jovem , a Mónica nunca quis acreditar nisso. Ela concordava com o seu namorado, quando esse dizia-lhe que havia ali qualquer coisa estranha no jovem mas em relação ao ele ser gay ela não estava tão confiante assim. Aliás! Para a Mónica, ela estava convencida de que o Miguel tinha namorada. Sempre que ele ia ao cabeleireiro, ele ia na companhia de uma bela jovem, tão bela que era digna de ser capa daquelas revistas de moda. E ela até já os tinha apanhado as beijos na boca. Mas Artur não estava tão confiante assim. Não que isso fosse do interesse deles, mas desde que a Filó e o seu filho Miguel entraram na vida do casal Artur e Mónica, os dois estranhos praticamente começaram a fazer parte da família deles. Não propriamente família mas era frequente eles os dois falarem dessa mãe e desse filho, que eram super ricos e que graças às boas gorjetas que Filó dava e ao valor que ela pagava a Artur pelas explicações, ao longo desses seis meses, eles tinham conseguido levar uma vida com um bocadinho mais de luxo. Por isso, já era normal eles todas as noites falaram uma ou outra coisa dessa família Calado.


 


Em relação aos outros motivos que levavam o Artur a desconfiar da orientação sexual de Miguel, e que ele nunca tinha tido coragem de comentar isso com a namorada, esses motivos faziam com que ele tivesse a certeza disso. Mas para o Artur não era problema nenhum. E nem era importante saber se Miguel gostava de homens ou mulheres. Ele não tinha problema nenhum em relação à homossexualidade. Para Artur, cada um era livre de se apaixonar por quem quisesse. E por acaso, ao longo dos últimos anos em que ele tinha dado explicação a vários jovens, ele já tinha-se deparado com vários que com toda a certeza eram gays ou lésbicas. Alguns deles davam mesmo sinais de já terem assumido isso e de viverem bem com isso. Havia outros que aparentavam estarem ainda numa fase de indecisão e esse talvez era o caso de Miguel. Pelo menos Artur achava isso. Mas com Miguel a história era talvez outra.


 


No inicio, quando as coisas estranhas começaram a acontecer durante as explicações, coisas essas que ele nunca teve coragem de contar para a Mónica, Artur achou não ser nada de especial. Artur limitou-se a fazer aquilo para o qual foi contratado e melhor sabia fazer, que era ensinar Matemática. Mas agora, agora que estava perante uma estranha noite, onde tinha acabado de sentir os lábios de Miguel colados aos seus. Artur começou a lembrar-se de algumas situações que aconteceram ao longo desses seis meses. Situações essas que davam claros sinais de que Miguel, sentia alguma coisa por Artur. Situações como fazer questão de tocar na mão de Artur quando esse lhe passava o caderno, o lápis ou um livro. Miguel não hesitava. Sempre que havia ali uma oportunidade, Miguel tocava na mão e no braço de Artur. Para Artur era uma coisa normal e sem significado, ou talvez não. Agora que tentava perceber o porque de Miguel lhe ter roubado um beijo, ele começava a ver as coisas com outros olhos. Havia dias em que em vez de prestar atenção aos exercícios, Miguel deixava-se ficar a cheirar o pescoço de Artur sempre que esse estava mais próximo dele. Um dia Artur achou isso tão estranho que não hesitou em perguntar-lhe o que ele estava a fazer. Miguel apenas disse que gostava do perfume que Artur usava e que andava apenas a tentar descobrir qual era. E de forma a acabar com essa dúvida de Miguel e de forma ainda de não o apanhar mais vezes a cheirar o seu pescoço, Artur lá acabou por dizer que ele só usava o perfume Boss. Mas não! Ter revelado qual era, não foi o suficiente para que o jovem, volta e meia, perdesse a concentração ao sentir o aroma do perfume. E houve até alturas em que Miguel distraísse por completo a olhar para Artur. Em vez de olhar para os exercícios, ele perdia-se a olhar para ele. Isso era algo que incomodava um pouco a Artur mas nunca antes falaram sobre o assunto.


 


E agora, com cada um em lados diferentes da porta, Artur questionava a si próprio. Será que alguma vez tinha dado razões para que Miguel fizesse o que tinha acabado de fazer? Será que Artur diga dado indícios para que hoje, ele invadisse a sua casa e o beijasse, assim, sem mais nem menos? Artur sabia que não! Tinha a certeza absoluta que nunca tinha dado motivos para que Miguel desse esse passo atrevido. Ele admitia que sim, que com ele, havia ali uma certa empolgação exagerada. Mas isso era apenas porque Miguel, ao contrário dos outros jovens que só queriam passar de ano e mais nada, Miguel tinha a mesma paixão de Artur pela matemática. E quando Artur encontrava uma pessoa assim, ele empenhava-se a 100% mas... será que isso tinha dado motivos e força para que Miguel seguisse em frente com a intenção do beijo? Artur questionou isso várias vezes, quando de forma cruel, fechou a porta na cara de Miguel. Será que Miguel, tinha interpretado tudo mal, quando Artur lhe deu permissão para trocarem algumas mensagens, quando ele tinha dúvidas de última hora? Naquele momento Artur não soube o que fazer. Quando fechou a porta imaginou que Miguel fosse embora mas isso não aconteceu. Miguel limitou-se apenas a encostar-se a porta, sentou-se no chão e chorou, chorou sem parar.


 


Artur já tinha tido a idade de Miguel. Também já tinha passado por amores não correspondidos e também já tinha chorado tal e qual como ele estava ali a chorar. Mas se quando era jovem, não conseguiu lidar com essas situações, agora que era adulto, também não conseguia ajudar alguém que estava a passar pelo mesmo. E isso era diferente. Era mesmo algo que ele nunca tinha vivido. Nunca nenhum jovem tinha-se apaixonado por ele. Nunca nenhum rapaz/homem tinha-lhe dito as coisas que Miguel disse. Isso era um terreno novo que ele não sabia como pisar. Mas Artur sabia também que não podia deixar Miguel ali a chorar sem parar, na entrada do prédio e à porta da sua casa. Podia algum vizinho ouvir e querer saber o que se passava e por isso, Artur naquele momento só sabia de uma coisa. Tinha que arranjar maneira de fazer com que Miguel se acalmasse, parasse de chorar e fosse para casa. Mas ele tinha que fazer isso mantendo a porta fechada. Era ridículo e Artur sabia disso, mas naquele momento, ele tinha medo que ao abrir a porta, Miguel tentasse algo contra ele. E de forma a que isso não acontecesse, Artur fez exactamente o mesmo que Miguel, encostou-se à porta e sentou-se no chão. Um em cada lado e com dúvidas que nunca mais terminavam, Artur acabou por dizer:


 


— Por favor Miguel! Vai para casa.


 


Miguel nada disse. Apenas continuou a chorar, a soluçar e as vezes, dava para perceber que dava murros no chão, ou na sua mochila. Mas Artur continuou a sua tarefa de tentar acalmá-lo.


 


— Já é tarde! A esta hora devias estar deitado a descansar. Amanha vai ser um dia importante. Devias pensar só nisso agora. Pensar em ter uma boa nota no exame. Afinal de contas, foi para isso que trabalhamos juntos todos esses dias.


 


Artur calou-se por uns momentos. Rezou para que aquelas suas palavras tivessem sido o suficiente para o acalmar mas não. Miguel continuava a chorar como uma criança perdida e isso, deixava Artur completamente destroçado. Ao longo desses seis meses, Artur nunca tinha visto Miguel naquele estado. Sempre o tinha visto com um sorriso rasgado no rosto. Com uma alegria nos olhos que às vezes, era difícil perceber como era possível ele estar sempre tão bem disposto. Sempre tão animado. Sempre a rir-se até das coisas mais parvas que Artur às vezes dizia só para o convencer a estudar. Era essa a imagem que Artur tinha de Miguel. A imagem de um jovem feliz. De um jovem que não tinha motivos algum para chorar. Para soluçar sem parar à porta da sua casa. Quando percebeu que não estava a ser bem sucedido na sua tarefa de o acalmar e de fazer com que ele fosse para casa, Artur passou à segunda fase da sua tarefa dizendo o seguinte:


 


— Ouve?! Se quiseres amanha podemos conversar sobre o que aconteceu aqui mas por favor, agora vai para  casa. Eu prometo que não estou chateado contigo. Prometo-te que se quiseres podemos ficar amigos mas agora vai para  casa. Pode ser?!


 


— Não consigo! — disse finalmente Miguel, no meio de muitos soluços e com essa sua primeira reacção, Artur achou que estava a ser bem sucedido.


 


— Claro que consegues! — disse ele. — Vai para casa que amanha é um outro dia e eu prometo que amanha a gente fala sobre o que tu quiseres.


 


— Posso mesmo cá voltar amanha? — perguntou ele já mais calmo.


 


— Claro que sim! Claro que podes Miguel. Tu és um bom rapaz. Eu sei disso. Sei também que neste momento deves estar confuso mas...


 


— Eu não estou confuso senhor Artur! — disse Miguel interrompendo-o. — E eu já não sou nenhum rapaz. Sou um homem! E estou muito certo em relação aos meus sentimentos. Sei que nunca senti isso por ninguém mas sei também que o que sinto por si é amor... Só amor!


 


Artur mais uma vez não gostou nada de ouvir aquela palavra a sair da sua boca mas optou por não dizer mais nada quando finalmente apercebeu-se que Miguel já estava mais calmo e que já estava a levantar-se do chão. Artur pensou que era desta. Era agora que Miguel ia-se embora e que essa estranha noite iria finalmente chegar ao fim.


 


Quando Miguel levantou-se do chão e colocou a sua mochila ás costas, Artur do outro lado da porta fez o mesmo, levantou-se.


 


— Obrigado por tudo senhor Artur! — disse Miguel antes de ir-se embora. — Eu não sei se amanha terei cabeça para o exame, mas de qualquer forma obrigado por acreditar em mim.


 


E a matemática era o ponto fraco de Artur. Quando depois de ouvir aquilo, passou pela cabeça de Artur a imagem de Miguel a faltar ao exame, Artur não hesitou. Abriu a porta e ficando frente a frente com o jovem, acabou por dizer.


 


— Por favor não abdiques dos teus sonhos por ninguém, ok?! Amanha faz o favor de ir àquele maldito exame e de ter um vinte ok? É só isso que eu te peço...


 


E por momentos Artur ficou com a sensação de querer dizer mais alguma coisa mas novamente, o estranho e intenso olhar de Miguel, fez com que ele se sentisse completamente nu a frente do jovem e da sua boca, já não foi possível sair mais nenhuma palavra. Nesse instante, para além de perceber o olhar de Miguel, Artur reparou que ele continuava a chorar. E o modo como ele chorava, o modo como as lágrimas caiem pelo seu rosto abaixo e todo o seu corpo tremia, fizeram-no lembrar alguém que ele conhecia tão bem. E esse alguém, quando passou pelo mesmo, só quis receber um abraço de consolo. Um abraço que nunca chegou a receber e que isso, fez com que esse alguém sofresse ainda mais. Fez com que o coração desse alguém se despedaçasse em mil pedaços. Artur sabia que Miguel precisava disso mesmo. De um abraço. Mas não! Isso ele não era capaz de fazer. A única coisa que ele era capaz de fazer naquele momento, era de não voltar a fechar-lhe a porta na cara. Dando uns passos atrás, Artur permitiu a entrada de Miguel na sua casa dizendo:


 


— Entra! Eu vou só lá dentro vestir algo mas eu já volto.


 


Artur virou-lhe as costas e afastou-se. Rapidamente já não estava na sala e Miguel não sabia o que fazer. A porta estava escancarada. À espera que ele entrasse mas Miguel estava na dúvida. Por momentos, foi ele que deve ter achado que estava a sonhar. Mas antes que o sonho chegasse ao fim, Miguel optou por entrar. Fechou a porta atrás de si e deixou-se ficar imóvel à espera da chegada de Artur. E nesse tempo, tudo e mais alguma coisa passou-lhe pela cabeça.


 


Já vestido com um calção e uma t-shirt e acompanhado por um copo de água, Artur regressou à sala. Miguel ainda estava imóvel junto à porta. Parecia uma estátua. Mas uma estatua feliz por ver novamente Artur à sua frente.


 


Artur aproximou-se dele, e esticou-lhe o braço com o copo de água.


 


— Toma! É para ti! — disse ele. — Agora se quiseres podes te sentar.


 


E no momento em que o copo passava da mão de Artur para Miguel, uma vez mais as duas mãos se tocaram. Tal e qual como aconteceu tantas vezes durante a explicação.


 


Artur foi sentar-se numa ponta do sofá e Miguel, bebendo um pouco daquela água, seguiu-o e acabou por sentar-se do outro lado do sofá. Os dois trocaram um olhar e Miguel, ja sentado, aproveitou para beber mais um golo da água.


 


— Eu trouxe-te água — disse Artur. — Mas se preferires eu posso trazer-te um chá se quiseres?


 


Miguel apenas abanou negativamente a cabeça.


 


— Já estás melhor? — perguntou Artur e mais uma vez, Miguel limitou-se a abanar a cabeça mas desta vez, afirmativamente.


 


Por momentos os dois permaneceram em silêncio. Miguel bebeu mais um pouco do seu olhar e várias vezes, enquanto ambos não sabiam bem para onde olhar, os seus olhares cruzavam-se. E durante esses olhares, Artur conseguia encontrar aquela alegria que ele encontrava sempre nos olhos de Miguel. Isso por um lado deixou-lhe aliviado. Era sinal de que o jovem estava a ficar mesmo mais calmo mas por outro lado, essa alegria deixava-o assustado. Será que era agora que Artur estava a dar sinais para que Miguel desse o passo seguinte? Pensou Artur, mas antes de reagir em relação a esse pensamento, Miguel terminou o silencio dizendo:


 


— Senhor Artur eu...


 


— Xiuuu! — interrompeu Artur. — Não digas nada! E por favor para de me chamar de senhor. Podes tratar-me apenas por Artur, ok?!


 


— Ok! Eu chamo mas...


 


— A sério Miguel — interrompeu Artur novamente. — Eu prometi-te que se quisesses, amanha falávamos sobre o assunto. Por isso não vamos dizer mais nada. Eu vou só buscar as chaves do carro e eu vou levar-te a casa.


 


— Não! — disse Miguel levantando-se de imediato. — Não é preciso!


 


— Não me custa nada! E para além disso, não estás em condições de ir para casa sozinho.


 


— E o senhor — disse Miguel sendo interrompido pelo olhar de reprovação de Artur, por este continuar a chamar-lhe de senhor. Mas Miguel rapidamente corrigiu. — Desculpe! O Artur não está em condições de conduzir. Eu vou sozinho.


 


— Não insistas! — eu vou levar-te e ponto final.


 


Mais uma vez Artur saiu da sala e deixou Miguel sozinho. Artur ia buscar as chaves do carro ao quarto e aproveitar para calçar uns ténis. Ele na verdade não estava mesmo em condições de conduzir mas achou por bem levar o jovem a casa. Apenas para ter a certeza de que ele realmente iria chegar bem.


 


Quando voltou à sala a dizer que estava pronto para irem, Miguel já lá não estava. A porta de casa estava aberta e Artur ainda foi a correr para a porta para ver se o via ainda na entrada mas não. Não havia sinal de Miguel. Artur voltou para casa. Abriu a janela da sala para espreitar a rua para ver se o via mas nada. A rua estava deserta e escura. Artur ainda pensou sair de casa e ver se ainda o apanha pela rua, de forma a levâ-lo a casa mas de repente, ouve-se um toque de telemóvel. Ele acha estranho estar a receber uma mensagem àquela hora mas o seu primeiro pensamento, foi que estava a receber uma mensagem da Mónica. Tirou o telemóvel do bolso e aí percebeu que ele estava sim a receber uma mensagem. Mas não da sua namorada. A mensagem era de Miguel que dizia o seguinte:


 


«Obrigado senhor Artur! Obrigado por tudo! Para si pode ser estranho eu estar a falar em amor mas eu sei aquilo que sinto. O senhor pode não sentir nada por mim (ainda!), mas aquilo que eu sinto por si é amor. Eu sei disso! Eu tenho a certeza disso. Tanta certeza como a certeza que eu tenho que um mais um, é igual a um...»


 


Ao ler aquela mensagem, Artur nem soube como reagir. Realmente falar de amor era algo estranho para Artur e isso era algo que o deixava mesmo muito incomodado. Mas sem saber muito bem porque, naquele momento Artur deixou escapar uma gargalhada. Talvez por naquele instante ter percebido que afinal o Miguel tinha razão, ele nunca tinha estado ali pela matemática. O Miguel soube-o enganar muito bem. Tão bem que o Artur estava mesmo convencido de que ele afinal percebia de matemática mas não! Naquele momento Artur esqueceu o cansaço. Esqueceu o beijo roubado. Esqueceu a aflição de ver Miguel a chorar e a soluçar sem parar. Naquele momento Artur só conseguiu rir de toda aquela situação. De toda aquela mensagem. Seis meses se passaram, meses em que todas as semanas ele tinha dedicado a 100% na tarefa de ensinar matemática a Miguel mas a sua tarefa não foi bem sucedida. Ao fim de seis meses, Miguel ainda não sabia a equação mais básica de todas. Ele não sabia que afinal, o resultado de um mais um não podia de forma alguma ser um, mas sim dois. E foi o final dessa sua mensagem que o fez rir. Rir sem parar até que a noite finalmente chegou ao fim...


 


CONTINUA...


25
Set15

1+1=1 (Parte 1)

Parte_1


 


Por muitas voltas que desse na cama, Artur não conseguia dormir. E não era por falta de sono, pois isso ele até tinha. O calor insuportável daquela noite é que deixava qualquer um em desespero e ele já tinha feito de tudo, para finalmente adormecer e descansar depois de um dia muito cansativo. Já tinha aberto a janela toda do quarto, deixado os estores todo puxado para cima, de forma a entrar um ar fresco mas nada de ar fresco. Naquele quarto, só o calor reinava fazendo com que ele transpirasse por todos os lados. Ele também já tinha afastado os lençóis da cama, já tinha despido e atirado a sua t-shirt para um canto. E apesar de estar só de boxers, o seu corpo suava a cada novo movimento que fazia. Virava para um lado, virava para o outro. Deitava-se de barriga para baixo, de barriga para cima mas nada, não havia maneira de ele adormecer e de finalmente dar fim aquele dia. Naquele momento ele arrependeu-se por não ter investido num ar condicionado, ou pelo menos numa ventoinha para aliviar-se do imenso calor do verão. Por diversas vezes ele ouviu na rádio e na televisão que os dias que se seguiam, iam ser realmente de muito calor. Falavam em valores acima dos 38º e agora que ele pensava nisso, daria tudo por ter investido num desses equipamentos. Pelo menos agora estaria a dormir e a não ter sonhos acordados. Pois isso foi o que ele realmente achou que estava a ter, quando de repente alguém tocou à campainha da sua casa. Claro que ele nem deu importância ao toque. Achou mesmo que era fruto da sua imaginação. Pois pela sua cabeça, já tinham passado vários carneirinhos e nem por isso ele conseguiu dormir. Já tinham ainda passado vários momentos eróticos, que o chegaram até a ter uma ligeira erecção mas com aquele calor todo, até para o sexo solitário era impossível. Já tinha estendido os braços pela cama, imaginado que estava dentro de uma arca frigorifica mas nem mesmo essa sua imaginação, era o suficiente para ele não sentir o seu corpo a arder. Por isso, quando ele ouviu uma segunda vez a campainha a tocar, achou mesmo que já andava a delirar e ignorou por completo. E continuou a fazer de tudo para conseguir apagar-se por completo. Para o seu cérebro finalmente desligar-se, o seu corpo repousar e ter uma noite de sono sossegada, de forma a recarregar baterias para o dia seguinte, que prometia ser cheio de emoções.


 


Mas seja lá quem fosse que estivesse a bater à sua porta, esse alguém não parava de insistir. De forma seguida, tocou uma terceira vez e uma quarta e por essa altura, Artur já começava a achar que afinal ele não estava a sonhar acordado. Alguém estava realmente a tocar-lhe à porta, o que era muito estranho. Artur estendeu o braço até à sua mesa de cabeceira e de lá pegou no telemóvel para ver que horas eram e já passavam das duas e meia. O seu primeiro pensamento foi: “Será que é a Mónica?!” Mas não! Ela tinha a certeza absoluta que não podia ser ela. Antes do jantar, os dois tinham falado ao telefone e ela lhe tinha dito que iria dormir uma vez mais na casa da sua mãe. Por isso não podia ser ela e mesmo que fosse, a Mónica tinha a chave de casa. Não estaria a tocar à porta àquelas horas. Para além disso, Artur sabia que se por acaso a Mónica quisesse voltar para casa, ela primeiro teria ligado para ele ir buscá-la. Por isso não! Ele tinha a certeza absoluta que não era a sua namorada. Com certeza seria engano e por isso, o melhor mesmo seria ignorar e tentar voltar a dormir. Mas se o imenso calor já era o suficiente para o perturbar, uma campainha sempre a tocar já se estava a tornar num verdadeiro inferno. E devido à muita insistência da pessoa que tocava a campainha sem parar, não deu para o Artur ignora-la por muito mais tempo.


 


Chateado e cheio de vontade de esganar seja lá quem tivesse a incomodá-lo, Artur levantou-se da cama e como um zombie, disposto a devorar o cérebro de alguém, seguiu até à sala para ver quem era. Nem se deu ao trabalho de vestir uma t-shirt. Foi mesmo até à porta com os boxers, daqueles bem originais, azuis e lá bem no centro, com o símbolo do super-homem. Tinha sido um presente especial da sua namorada. Mas para ele, não fazia qualquer importância ele ir ver quem era só de boxers, ou até mesmo todo nu. Seja lá quem fosse, ele não fazia questão de abrir a porta. Tinha a certeza absoluta que tratava-se de um engano e teria que ir com calma até à porta, caso não quisesse cometer ali um crime.


 


Antes de pegar no intercomunicador, Artur ainda espreitou pelo buraco da porta mas não viu ninguém do outro lado. Por isso, a pessoa que continuava a insistir no toque, só podia estar mesmo na rua. Com essa certeza em mente, aí sim, ele pegou no intercomunicador, e num tom bastante agressivo perguntou:


 


— Quem é?


 


— Sou eu! — ouviu-se do outro lado da linha, uma voz masculina.


 


Naquele momento, cansado e praticamente sem se conseguir manter em pé, Artur odiou aquele “sou eu”. Que “eu” era aquele que tinha a ousadia de o incomodar àquelas horas da manha? Está certo que ele estava apenas deitado e nem sequer estava a dormir, mas de qualquer forma, para ele, não havia razão nenhuma de alguém estar a bater à sua porta. E ainda por cima, a dizer “sou eu” na maior das descontracções. O sangue continuou a subir à cabeça do Artur e antes que ele explodisse por causa daquela simples e parva afirmação, a pessoa do outro lado da linha continuou a falar.


 


— Sou eu o Miguel! Será que posso subir?


 


“Miguel?!” Mas que Miguel seria esse, questionou Artur para si mesmo. Apesar de na cama ainda não ter conseguido pregar no sono, naquele momento ele parecia mesmo alguém que estava a dormir em pé. Por isso, se alguém lhe dissesse que era o Miguel, o Diogo, o Raul, ou seja lá quem fosse, a reacção dele iria ser sempre a mesma.


 


— Mas que Miguel? — perguntou ele — Com certeza deve ser engano...


 


— Não senhor Artur! — disse a voz do outro lado. — Desculpe estar a incomodá-lo a essas horas mas eu só vim buscar o meu caderno.


 


“Caderno?!” Pensou o Artur e mais confuso ele estava. Por momentos ele pensou que de tanto dar voltas e voltas na cama, ele acabou por adormecer e nem tinha dado conta. E agora, naquele momento ele estava apenas a ter um sonho, ou talvez um pesadelo. Ele ainda pensou dizer novamente que com certeza esse tal Miguel estaria a bater na porta errada, mas só depois é que a ficha caiu. Decididamente, ele não estava dormir em pé e sim, claro que ele conhecia o Miguel. Claro que ele sabia de que caderno era esse que o Miguel falava. Ele só não queria era acreditar que aquele Miguel estava a fazer-lhe isso mesmo, a tocar à sua porta, perto das três da manha. Por isso, mantendo o mesmo tom agressivo, ou talvez ainda mais, Artur lhe disse o seguinte:


 


— Porra Miguel, mas tu já viste que horas são?! Achas que isso são horas de bater à porta de alguém?


 


— Eu peço desculpas mas eu preciso mesmo muito do meu caderno. Posso ir aí buscá-lo?


 


— Volta amanha, que eu dou-te o caderno, pode ser?! — disse Artur mas Miguel lá continuou a insistir.


 


— Por favor! Eu não estaria aqui se não fosse importante.


 


“Importante!” Será que seria mesmo muito importante ele ter agora o seu caderno. Por momentos Artur pensou nisso e achou que o melhor seria ele dizer novamente a Miguel, para voltar cá amanha. Mas depois, já um pouco mais desperto e a olhar para o caderno de Miguel, que ele já tinha separado e deixado na mesinha da sala para no dia a seguir entrega-lo, é que ele começou a perceber o quão importante era esse caderno para o Miguel. Artur começou a dar conta de que também já tinha tido a idade dele. Também já tinha passado pelos mesmos momentos de tensão e por isso, em vez de mandar vir com o jovem, lá acabou por ceder.


 


— Ok! Podes subir! — disse ele, carregando no botão do intercomunicador, para abrir a porta do prédio.


 


Nunca, em momento algum, Artur imaginou receber Miguel na sua casa àquelas horas. Na verdade, Miguel já era presença assídua na sua casa mas isso apenas durante o período da tarde. E naquela tarde ele até tinha estado lá e curiosamente até tinha estado lá a jantar, coisa que nunca antes tinha acontecido. Mas não! Os dois não eram amigos. Estavam quase todas as semanas juntos mas a relação dos dois, era apenas uma relação formal entre professor e aluno. É que Artur era o seu explicador de Matemática. E por sinal, era até um óptimo explicador.


 


Aos 28 anos de idade, Artur nunca se imaginou que estaria agora a trabalhar como operador de call center e a dar explicações de Matemática a alguns jovens preguiçosos e com dificuldades. Ao longo de toda a sua vida, ele teve sempre um único sonho: ser professor. E esse sonho surgiu quando ele tinha apenas seis anos e começou pela primeira vez a ler. Ou melhor! Surgiu quando ele começou pela primeira vez, a conseguir fazer contas de somar e subtrair. A partir do momento em que a Matemática surgiu na sua vida, ele soube de imediato o que queria ser quando fosse grande. Foi como uma paixão à primeira vista, paixão essa que fez com que ele dedicasse todo o seu período escolar, na concretização desse sonho. E com muita paixão e dedicação, Artur lá conseguiu realizar o seu sonho. Sempre foi um óptimo aluno e por isso, aos 24 anos já era licenciado e já tinha o seu diploma na mão. Um diploma que permitia ele dar aulas de matemática e assim, partilhar a sua paixão e o seu conhecimento com outros jovens. Mas infelizmente, à semelhança do que acontece com a maioria dos professores em Portugal, rapidamente Artur percebeu que tinha investido imenso no sonho errado. Aos 28 anos, ele tinha conseguido apenas, uma única colocação numa escola. E isso foi apenas por uma questão de sorte. Um professor numa escola tinha tido um grave acidente à meio do ano, e isso fez com que a escola tivesse que contratar um outro professor o quanto antes. Entre muitos candidatos, ele tinha sido escolhido mas isso nem foi o suficiente para aquecer o lugar de professor. No final do ano ele foi dispensado e nunca mais conseguiu ser colocado. Agora, aos 28 anos ele considera já não ter tempo nem dinheiro para investir num outro sonho. E para falar a verdade ele nem tem mais nenhum outro sonho. Ele vive para a Matemática e é disso que ele quer viver para o resto da vida. Por isso ainda não desistiu da carreira de professor. Continua a concorrer todos os anos para ser colocado numa escola mas enquanto isso não acontece, vai fazendo outras coisas. Como as contas surgem todos os meses e à que paga-las, ele optou por trabalhar como part-time num call center ligado às telecomunicações. Mas para além disso, que ele faz durante a manha, à tarde ele ganha mais uns trocos a dar explicações de matemática aos jovens do 10º ao 12ª ano. E o Miguel é um desses. Um jovem de 17 anos, repetente do 12º ano, que assim que conheceu Artur, começou a ver a Matemática com outros olhos.


 


Miguel, filho único de uma socialite, surgiu na vida de Artur através da sua namorada, Mónica. Ela trabalha num cabeleireiro em Lisboa que recebe muitas figuras públicas, muita gente com dinheiro e uma dessas clientes, é Filomena Calado, ou Filó como ela gosta de ser chamada. Devido ao talento da Mónica para tratar dos seus cabelos, Filó elegeu-a como a sua cabeleireira exclusiva e as duas, não só criaram ali uma ligação de cliente e cabeleireira, mas também de uma certa amizade. As duas conversam muito sempre que Filó vai ao cabeleireiro e foi numa dessas conversas banais, que Filó mencionou que tinha um filho, já repetente do 12º ano e que devido à preguiça e a falta de interesse pelos estudos, o seu filho corria o risco de voltar a deixar a matemática para trás. Nesse instante, Mónica não deixou escapar a oportunidade. Falou logo em Artur dizendo que ele era um óptimo explicador de matemática, caso ela tivesse interesse em contratar algum explicador. Filó na altura disse que o filho já estava a ser acompanhado por uma explicadora mas que nem por isso, ele andava a ter boas notas. Mas se havia coisa que a Mónica sabia fazer era promover o seu namorado. Ela sabia da imensa paixão que Artur tinha pela matemática. Assim como também sabia, que a taxa de sucesso com os jovens que passavam por ele, era de 100%. Os jovens que eram acompanhados pelo Artur, começavam a ver a matemática com outros olhos. Começavam a gostar, tal como ele amava a matemática. E depois de tantos elogios rasgados ao talento do seu namorado, a Mónica lá conseguiu convencer Filó a contratar Artur para dar explicações de matemática ao seu filho. E foi assim que Miguel surgiu na vida de Artur à uns seis meses atrás. Miguel deixou de ser acompanhado pela outra explicadora e passou a ser acompanhado por Artur, duas horas por semana, ou então, às vezes havia semanas em que eles estavam juntos durante quatro horas, duas vezes por semana. E essa última semana, tinha sido um desses casos.


 


Devido aos exames finais, que iriam ditar a nota final do ano e a possibilidade de conseguir uma boa média, ou não, para entrar para a faculdade, Miguel tinha tido explicações tanto na quarta-feira como na quinta. E amanha, sexta-feira, seria então o dia do exame. Apesar de, com as notas dos testes anteriores Miguel já ter o suficiente para conseguir ter uma nota positiva no final do ano, para conseguir ter uma boa média e assim conseguir entrar para a faculdade de medicina, que era o seu sonho, Miguel tinha que ter pelo menos, uns 18 valores no exame final. Para Miguel era impossível mas Artur acreditava nas competências do jovem. Apostou forte nele e durante dois dias seguidos, simulou com ele vários exercícios que podiam muito bem sair no exame. Durante a tarde de hoje, ao fazerem exercícios e com Miguel a acertar tudo, os dois ficaram tão empolgados que nem virão as horas a passar. A aula deveria ter terminado às 19 horas mas só pararam às 20h. E apesar de já terem feito e refeito vários daqueles exercícios, Miguel insistiu em rever uma vez mais a matéria. E como o Artur fica sempre empolgado quando vê um jovem a dar sinais de paixão pela matemática, os dois continuaram nos estudos. Mas como ambos já estavam com alguma fome, Miguel fez questão de pedir e pagar uma pizza. Ainda houve uma pequena discussão na hora de pagar, pois Artur fazia questão de ser ele, mas Miguel lá acabou por vencer nessa discussão, dizendo que era o mínimo que ele podia fazer, já que Artur estava a ajudá-lo na realização do seu sonho. E enquanto comiam a pizza e andavam em volta dos muitos números, as horas iam passando e quando já passavam das vinte e uma trinta, Artur achou que já não valia a pena continuar. Para ele, Miguel já estava mais do que preparado. Se não fosse para ter um 20, seria para ter um 19. É que para Artur, o problema de Miguel nem era mesmo o não gostar da matemática. Desde o primeiro momento em que ele começou a dar-lhe aulas, Artur percebeu que ela até gostava daquela disciplina. Percebeu ainda que ele até entendia de números. O único problema de Miguel era mesmo a preguiça. E foi nisso que Artur andou a batalhar com ele. Criava-lhe sempre um plano de estudos, para que ele deixasse essa preguiça de lado. E apesar de não ser frequente entre ele e os seus alunos, Miguel trocava muitas mensagens de telemóvel com Artur, com algumas dúvidas que entretanto surgiam ao longo da semana. Isso fez com que Artur se empenhasse a 100% em Miguel. E não era só pelo facto da mãe de Miguel, estar a pagar por essas explicações um valor acima do que ele tinha pedido e praticamente sentir-se na obrigação de fazer com que Miguel conseguisse ter boas notas. O interesse de Miguel pela matemática era o suficiente para Artur empenhar-se. E por isso, mesmo depois de terminar as explicações depois das vinte e uma trinta, depois de já estar muito cansado de um dia longo de trabalho, pois para além do call center, já tinha dado explicações a mais outros três jovens, ele naquele momento estava satisfeito com o seu trabalho.


 


Nessa tarde, despediu-se de Miguel, como se fosse a ultima vez que se viam, pois Artur tinha a certeza que Miguel teria uma óptima nota no exame e que por isso, já não ia mais precisar dos seus serviços. Artur desejou-lhe boa sorte e Miguel apenas informou-lhe que depois, daria noticias em relação à nota. Apesar de cansado, Artur sabia que ia deitar-se, com aquela boa sensação de dever comprido. E quando começou a arrumar a mesa de estudo, verificou então que Miguel, tinha-se esquecido de levar o seu caderno. Artur ainda foi à janela ver se ainda via Miguel pela rua mas já não o encontrou. Resolveu então separar o caderno, para no dia seguinte arranjar maneira de o devolver. Nunca, em tempo algum, imaginou que Miguel fosse bater à sua porta durante a madrugada para lhe pedir esse caderno.


 


Enquanto Artur esperava para que Miguel subisse os cinco andares, a pé, já que o elevador estava avariado, ele resolveu ir até à casa de banho. O tempo dele bater e não bater à porta, era o suficiente para que ele aliviasse a sua bexiga. Depois de fazer essa sua necessidade, foi até ao lavatório onde para além de lavar as mãos, molhou ainda o rosto com aquela água fria. Não só para se refrescar, mas também para ver se acordava. Depois, durante algum tempo, Artur olhou-se ao espelho. Estava com um aspecto horrível. Tinha o cabelo todo despenteado, a barba que ele teimava em não desfazer, já estava mais longa do que era suposto, tinha umas olheiras horríveis à volta do seus olhos, enfim! Ele odiou ver-se ao espelho, mas também nada fez para mudar a sua aparência. Com a toalha, acabou por limpar o seu rosto e nesse instante, ele ouviu uma vez mais a campainha tocar. Desta vez ela já sabia que era Miguel que estava em frente à sua porta, à espera de um caderno que tinha urgentemente que voltar às mãos de um dono, que pelos vistos, àquela hora da madrugada ainda tencionava rever a matéria para o exame.


 


Tal e qual como estava, apenas de boxers e com aquela cara medonha, Artur pegou no caderno que estava em cima da mesa e foi em erecção à porta. O plano era, abrir apenas um bocadinho a porta, entregar o caderno a Miguel, dar-lhe as boas noites e boa sorte para o exame, fechar a porta e voltar para a cama para ver se era desta que pregava no sono. Pelos seus cálculos, isso nem sequer iria demorar uns dois minutinhos.


 


Escondendo-se por trás da porta e dando a possibilidade de Miguel ver apenas a sua cabeça, Artur abre a porta e de imediato entrega-lhe o caderno.


 


— Obrigado! — disse Miguel aceitando o caderno e guardando na sua mochila. — Eu estava mesmo a precisar desse meu caderno.


 


— Pois então agora o tens aí! — disse Artur com um sorriso forçado. — Uma vez mais boa sorte para o exame e boa noite...


 


— Eu sei que é tarde. — disse Miguel interrompendo-o e nesse instante, Artur começou a perceber que as coisas, afinal não iam correr como ele tinha planeado. Agora era o momento de Miguel aceitar o boa noite e ir-se embora mas não, em vez disso, Miguel continuou a falar. — E desculpa estar a bater-lhe à porta a essas horas mas já que cá estou, será possível tirar-me uma última dúvida?


 


Por momentos Artur ainda achou que ele estaria ali a fazer uma piada mas o ar sério de Miguel não dava sinais disso.


 


— Dúvidas?! A esta hora? — perguntou Artur um pouco confuso e Miguel, apenas acenou-lhe com a cabeça. — É muito tarde Miguel. Tu devias estar em casa a descansar...


 


— Eu sei mas... Posso entrar? — disse Miguel dando um passo em frente e por momentos, Artur até achou que ele iria forçar a entrada, de tão próximo que estava com a porta. Mas não. Miguel não forçou a entrada, apenas deu um passo na esperança de que com isso, Artur o deixaria entrar sem hesitar mas isso não aconteceu. Artur deixou-se ficar atrás da porta tal e qual como estava e nem abriu um centímetro a mais.


 


— Eu tenho a certeza que essas tuas dúvidas são apenas nervos. É normal mas... vai para casa, não penses mais no exame. Apenas descansa que eu tenho a certeza que amanha vai correr tudo bem. — disse Artur convencido de que isso iria ser o suficiente para Miguel dar meia volta e ir embora mas não foi.


 


— Pois! Eu estou realmente muito nervoso. — disse Miguel e realmente ele estava. Havia algo de diferente no Miguel e o Artur rapidamente apercebeu-se disso. Percebeu que o Miguel que tinha saído da sua casa há umas horas atrás, não era o mesmo Miguel que estava agora a bater-lhe à porta. O Miguel de antes, tinha sido um Miguel confiante. Um Miguel sem nervos e pronto para arrasar naquele exame mas agora, o Miguel que estava à sua frente era um Miguel que não parava de tremer. Estava com os nervos à flor da pele e parecia não estar disposto a arriscar a ir embora, com a dúvida ainda por esclarecer. Sem que Artur esperasse por isso, Miguel desta vez forçou mesmo a porta com a sua mão, de forma a ver se entrava em casa dizendo o seguinte: — Por favor senhor Artur! Deixe-me entrar. Eu prometo que serei breve com a minha dúvida.


 


— Calma! — disse Artur, abrindo a porta contra a sua vontade. — Tudo bem! Eu tiro-te as dúvidas mas vê se te acalmas, estás muito nervoso e não há razões para isso.


 


Quando Artur abriu toda a porta dando passagem para que Miguel entrasse, já que essa era a sua vontade, Artur achou estranho quando Miguel, em vez de entrar, ficou parado na entrada a olhar para ele. E olhou-o de uma forma tão estranha que Artur sentiu-se muito incomodado com isso. Sem nem disfarçar o seu olhar, Miguel olhou-o dos pés à cabeça com um estranho brilho no ar. E depois de ter percorrido todo o seu corpo e de o ter despido só com o olhar, Miguel cruzou o seu olhar com o olhar de Artur, que confuso, sentiu-se mal com todo aquele momento. Artur sentiu-se mesmo nu à frente do jovem e só depois é que percebeu que realmente estava nu. Bem! Ele na verdade estava de boxers mas aquele intenso olhar, era como se Miguel o tivesse visto mesmo sem os boxers e isso deixou-o bastante envergonhado.


 


— Não vais entrar?! — perguntou Artur com a verdadeira intenção de fechar a porta na cara de Miguel, mas não foi isso que fez. — Eu vou só lá dentro vestir qualquer coisa e já volto.


 


— Espera! — disse Miguel impedindo que Artur se afastasse. E Artur ficou ali, parado à sua frente e sujeito àquele estranho olhar. Um olhar perturbador. Um olhar que comia-o com os olhos. Nesse instante, Artur talvez percebeu que o motivo do Miguel estar ali, afinal não era por causa de umas dúvidas de matemática mas sim por uma outra razão. E com isso, Artur quis mesmo afastar-se. Sair da sala e ir até ao quarto vestir qualquer coisa de forma a estar longe daquele olhar que intimidava. Mas antes que fizesse isso, Miguel acabou por ser mais rápido. Deixando a sua mochila cair no chão e com uma rapidez tal, que nem sequer deixou margem para Artur reagir, Miguel aproximou-se dele e quando Artur deu por si, os seus lábios já estavam colados aos de Miguel. As duas bocas estavam unidas e Artur conseguia sentir a respiração de Miguel junto ao seu rosto. Naquele instante, Artur não soube o que fazer. Por momentos ele ainda achou que estava realmente a sonhar. Que estava a ter um terrível pesadelo mas não. Aquele momento era real. Não seria preciso ninguém lhe beliscar para ele perceber que estava bem acordado. Os lábios húmidos de Miguel, eram o suficiente para ele ter a certeza de que estava bem acordado. E agora que ele estava a ser beijado por um jovem de 17 anos, que parecia que tinha feito de tudo para conseguir aquele beijo roubado, Artur ficou que nem uma estátua. Não sabia o que fazer. Só queria que naquele momento um buraco se abrisse no chão e o engolisse de uma vez por todas.


 


O beijo foi muito curto. Foi uma questão de segundos mas que para Artur, pareceu uma eternidade. E só não prolongou-se por muito mais tempo, pois passado um tempo, para além da ousadia de Miguel juntar os lábios aos seus, a mão de Miguel começou agora a acariciar o corpo nu de Artur e para ele, isso já estava a ir longe de mais. Artur afastou o seu rosto e agarrando a mão de Miguel, afastou-a do seu corpo dizendo:


 


— O que é que tu estás a fazer?


 


Miguel não se deu ao trabalho de lhe responder por palavras. Preferiu faze-lo por gestos e sem que Artur estivesse novamente à espera, Miguel não demora a roubar-lhe mais um outro beijo mas desta vez, Artur reagiu bem mais cedo e de forma mais agressiva.


 


— Porra! — disse Artur, empurrando-o para um canto. — Mas que merda é essa que estás a fazer?


 


— Eu tinha que... — tentou dizer Miguel mas Artur nem lhe deu essa possibilidade. Agarrou-lhe por um braço e empurrou-o porta fora.


 


— Vai mas é para casa antes que eu me irrite a sério.


 


— Por favor! — disse Miguel, vendo Artur chutando a sua mochila porta fora. — Vamos conversar.


 


— Depois disso, nós não temos mais nada para conversar.


 


Artur bem que tentou fechar a porta mas Miguel impediu, forçando-a com a sua mão.


 


— Por favor! Deixa-me falar contigo.


 


— Vai-te embora Miguel! — disse Artur já bastante furioso enquanto Miguel forçava a porta.


 


— Desculpa! Desculpa mas eu não posso! Não enquanto eu não disser tudo o que eu tenho para dizer.


 


— Deixa-me eu fechar a porta! — disse Artur tentando-a fechar mas sem dúvida alguma, apesar de ser bem mais jovem, Miguel tinha mais força que ele e Artur não tinha como fecha-la. Aquele forçar de um lado, e forçar do outro só chegou mesmo ao fim, quando Miguel já em lágrimas gritou.


 


— Eu gosto de si!


 


Ao ouvir isso, Artur desistiu. Largou a porta e dando uns passos atrás com as mãos à cabeça, disse:


 


— Não! Por favor Miguel! Hoje não! Já é muito tarde para termos essa conversa e para falar a verdade, eu nem quero ter essa conversa contigo.


 


— Mas eu preciso falar. — continuou Miguel já com as lágrimas a correrem pelo rosto. — Eu preciso contar-lhe que gosto de si, desde o primeiro momento em que o vi.


 


— Não! Não! — disse Artur tapando os ouvidos para não ouvir aquela conversa.


 


— Se eu fiz questão de vir aqui todas as semanas acredite, não foi pela matemática. Foi pelo senhor. Eu gosto de si! Eu estou apaixonado por si...


 


— Tu estás confuso! É isso...


 


— Não! Eu não estou! Eu amo-o.


 


E quando Artur ouviu-o falar em amor, aquela palavra tinha soado na sua cabeça que nem uma bomba. Artur não gostou nem um pouco de ouvir as coisas que Miguel tinha para dizer e ignorando as suas lágrimas, ignorando as suas palavras, ignorando a sua presença, Artur não hesitou em desta vez, fechar mesmo a porta na cara de Miguel e conseguiu. Sem que Migue tentasse impedir, Artur fechou a porta e naquele momento, implorou para si próprio que aquela noite chegasse finalmente ao fim e mais. Implorou para que aquela noite nunca tivesse existido.


 


CONTINUA...


 


[E esta foi a primeira parte desta minha história. O que é que acharam? Não se esqueçam de deixarem comentários com as vossas opiniões e na próxima sexta feira, um novo capítulo será apresentado...]


 


21
Set15

1+1=1 (Apresentação)

Parte_0


 


E finalmente a história irá chegar ao MORE. Há umas semanas atrás anunciei que andava a escrever uma história para o blog de nome 1+1=1. Era suposto estrear esta história no principio deste mês mas optei por adiar uns dias. Mas agora, acho que já estou preparado para dar-vos a conhecer a história do Artur e do Miguel. A partir desta sexta feira, dia 25, esta história da minha autoria irá ser publicada no blog, dividida em vários capítulos. Nesta fase inicial, irei agendar um capítulo novo em todas as sextas, para que no final de semana, todos tenham algo novo e interessante para ler. Pelo menos eu espero que a considerem interessante! É obvio que no final de cada capítulo, eu vou ficar à espera dos vossos comentários. Vou querer saber a vossa opinião em relação ao que irá acontecer entre Artur e Miguel e claro, estou sempre aberto para sugestões.


 


Marquem já na vossa agenda e no dia 25, passem por aqui para conhecerem em primeira mão, o capítulo um deste 1+1=1. Para além da história ser publicada no blog, no dia a seguir, esta minha história estará também disponível no site Wattpad, para ver se a história consegue chegar a mais gente. Por isso, a opção será tua. Podes ler aqui no blog, ou então através da app do Wattpad em qualquer tablet ou smartphone. Eu espero que ela seja do vosso agrado e agora, porque não apresentar-vos a sinopse da história?!


 



Artur é um professor de Matemática que à semelhança de todos, tem a certeza de que 1+1 é igual a 2. No entanto, na sua vida irá surgir o jovem Miguel. Um jovem acabado de fazer 18 anos e que ao apaixonar-se pelo professor, irá convencer-lhe de que afinal, ele e todos sempre estiveram errados em relação à simples equação. Apesar de ter um namoro sério com a cabeleireira Mónica, Artur não vai conseguir evitar uma aproximação entre ele e o jovem Miguel e os seus sentimentos irão ficar confusos. Artur, em dado momento, não vai conseguir saber o que quer da sua vida e quando finalmente convencer-se de que afinal, no que diz respeito ao amor, 1+1 é sempre igual a 1, o pior irá acontecer e ninguém irá estar preparado para o que se segue...



 


1+1=1 (capa)


 


Dia 25 de Setembro, conto com a vossa presença e com a vossa leitura...


04
Set15

1+1=1 (brevemente!!)

umMAISum


 


Era suposto esta semana começar com a apresentação do primeiro capítulo da minha história chamada 1+1=1. No entanto, tenho andado um pouco atrasado em alguns capítulos e como não estava muito satisfeito com os primeiros, tive que andar a fazer algumas alterações. Já tenho alguns capítulos prontos para serem apresentados mas prefiro para já, adiantar-me um pouco mais na história, para depois ter a possibilidade de apresentar um capitulo novo todas as semanas. Por isso meus caros amigos, para já não vou adiantar nenhuma data de quando irei aqui estrear o 1+1=1. Será com certeza ainda durante este mês de Setembro mas fiquem atentos ao blog. Em breve saberão mais novidades.

25
Ago15

1+1 (será que é igual a 1?)

um+um


 


Como é que se diz a um professor de Matemática que 1+1 é igual a 1? E essa será a difícil tarefa de Miguel, um jovem misterioso de 18 anos, que irá ficar perdidamente apaixonado por Artur, o seu explicador de matemática. E Miguel, de todas as formas possíveis, irá tentar convence-lo, que no que diz respeito ao amor entre duas pessoas, o resultado será sempre 1.


 


1+1=1, é a história que em breve será apresentada no MORE. Ela é da minha autoria e dividida em vários capítulos, irá contar a história de amor (ou não!) entre o jovem Miguel e o professor Artur. E fica atento ao blog, pois a primeira parte da história será lançada já no dia 1 de Setembro. Conto com a vossa companhia, com a vossa leitura e até lá... More kisses and more hugs!

20
Ago15

1+1 (será igual a quê?)

um+um


 


Durante toda a minha vida sempre me disseram que 1+1 é igual a 2 mas... e se eu vos disser agora, que afinal sempre estivemos enganados em relação a essa simples equação. Hoje, consigo perceber perfeitamente que 1+1 não pode de maneira alguma ser 2, pelo menos no que diz respeito ao amor. É isso mesmo! Se eu pensar apenas na questão do amor, então aí, e sem sombra de dúvidas, eu tenho a certeza que 1+1 é igual a 1. Confuso?! Não estejas!


 


Brevemente aqui no MORE eu vou partilhar com vocês, outra das minhas grandes paixões: a escrita. Sim! Eu adoro escrever. E volta e meia sento-me à frente do computador para escrever algumas histórias (ou estórias - nunca percebi qual é a diferença entre o escrito com o 'h' e o escrito com o 'e') e vou partilhar com vocês, uma nova história que eu estou a escrever, talvez com um conteúdo mais erótico e que é apropriado para este blog. A história (ou o conto, como preferirem) tem precisamente o nome de 1+1=1 e basicamente conta  história de um jovem professor de matemática, que deixa-se ser seduzido por um belo e atraente aluno. Mas quanto a mais pormenores em relação a este 1+1=1, fiquem atentos ao blog, pois em breve eu irei contar-vos as novidades...

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