Pão com Pão, o que é que dá??
Eu já paguei para estar com homens! Acho que isso não será novidade nenhuma, para todos aqueles que já acompanham o blogue desde o inicio. Eu já aqui tinha referido esse assunto, nunca tive foi oportunidade para falar mais detalhadamente sobre ele. Mas hoje, vou partilhar com vocês mais um episódio da minha vida.
Há uns bons anos atrás, quando eu aparentemente não tinha juízo nenhum na cabeça e só pensava em sexo de manha à noite, eu resolvi um dia, pagar para estar com um homem. Nunca fui propriamente uma pessoa com a facilidade de conhecer homens, com quem pudesse ter sexo sem a necessidade de pagar. Sempre fui um jovem de pouca sorte e aqueles com quem eu gostava de ter sexo, eram heterossexuais que jamais fizeram-me a vontade. Por isso, para saciar a minha louca vontade de estar com um homem, eu paguei. Paguei dinheiro a um homem, para em troca receber prazer. Não foi uma, não foram duas, foram sim várias vezes. Não me arrependo do que fiz, pois em muitos casos, devo confessar que tive muito bom sexo. Mas depois, houve outros casos em que a coisa não correu lá muito bem. E é sobre um desses casos que eu irei agora partilhar com vocês.
Quando tudo aconteceu, eu devia ter por aí uns 22 aninhos. Na altura, não havia nada dessas apps que hoje existem e apesar da internet já fazer maravilhas a muita gente, era através dos classificados do Correio da Manha que eu procurava aqueles que estavam dispostos a dar sexo, em troca de alguns trocados. Depois de uma longa busca pelas letrinhas pequenas dos classificados, lá encontrei um que rapidamente me chamou a atenção. Liguei para ele, informei-me das condições (valor a pagar) e agendamos uma hora. Como estava louco para saciar essa minha vontade absurda de estar corpo a corpo com alguém, rapidamente cheguei ao apertamento do jovem, que não era propriamente nenhum Brad Pitt, mas já alegrava a minha vista. Isto é, até ao momento em que ele sempre se manteve vestido, pois assim que começou a despir-se, rapidamente senti uma certa desilusão dentro de mim. O jovem era bonito, mas no que diz respeito ao seu “objeto de trabalho”, a coisa não me deixava assim com os olhos bem arregalados. Não sei se me entendem?! Mas à partida aquilo podia não ser um problema. Afinal de contas, o tamanho não é o mais importante se bem que eu dou muita importância ao tamanho. Mas enfim! A coisa foi rolando, com umas carícias ali e outras acolá, até que, sem que eu estivesse à espera, lá acabei por perceber que o seu “objecto de trabalho” não era o seu pénis, mas sim a parte de trás do seu corpo. O jovem era um gay passivo! Fez questão de me informar que era 100% passivo e que tinha preservativos para me dar, mas… O problema nessa história toda é que também eu sou passivo. Ainda hoje o sou e naquela altura também o era. Não só 100% passivo, como também um passivo convicto que não acredita nessa história da versatilidade. Logo, tínhamos ali um gravíssimo problema!
Depois de tudo estar esclarecido em relação às nossas preferências, ele achou estranho eu ter aceite encontrar-me com ele, pois segundo o jovem, ele já na conversa telefónica tinha deixado claro em relação à sua passividade. E o pior é que talvez ele tenha dito mesmo. Eu é que estava com tanto fogo dentro de mim, com tanta vontade de estar com um homem, que no momento, nem me apercebi dele ter dito seja lá o que fosse ao telemóvel. Eu queria estar com homem, deliciar-me nos braços de um homem, ser penetrado por um homem, mas ele não seria com toda a certeza esse homem. E eu também não seria o homem que ele esperava que eu fosse. Pão com pão, não dá em nada! Buraco com buraco, só faz com que ambos fiquem vazios e por isso, estávamos ali num grande impasse onde a vergonha era geral. Para além do sexo anal não funcionar entre nós, o sexo oral também não resultava. Eu não sentia prazer com aquilo, ele também não e toda aquela situação era demasiado constrangedora. Ele ainda teve a gentileza de tirar duma gaveta, o seu vibrador elétrico na tentativa de me dar algum prazer, mas a coisa também não funcionou. Não valia a pena insistir! Ele não seria o homem, que com a sua mangueira, iria apagar o fogo de dentro de mim. Optei por desistir, vestir e dizer que me ia embora. Tirei o dinheiro da carteira para o dar, apesar dele inicialmente não querer aceitar, pois na verdade, aquilo que era suposto acontecer mediante o nosso acordo telefónico, não tinha acontecido, mas em parte por minha culpa. Eu é que não tive uma escuta ativa exemplar e por isso, achei por bem que ele ficasse na mesma com o dinheiro.
Foi uma experiência muito estranha essa, mas que me fez aprender algumas lições. A primeira, é que afinal, apesar do que eu achava na altura, nem todos os homens eram capazes de me dar prazer talvez eu achava que era o único passivo no mundo. A segunda lição é que no futuro, de todas as outras vezes que paguei para estar com um homem, antes do encontro, a pergunta sempre saiu da minha boca: «És passivo ou ativo?» E com isso, nunca mais passei por momentos constrangedores como esse.
Hoje em dia, com as inúmeras apps que existem, rapidamente ficamos a saber quem é passivo, quem é ativo, quem é versátil e com tanta gente à procura de sexo por este mundo a fora, o pagar para ter sexo, também deixou de fazer sentido para mim. Se bem que, se hoje mesmo conseguisse ter cinco mil euros na mão, ia agora mesmo procurar por um velho colega meu heterossexual e pagava-o na hora para ter sexo com ele. Pois ele próprio é que me disse que só me daria aquilo que eu (muito) queria, a troco desses cinco mil euros. Mas isso é história para contar numa próxima vez…