Ontem foi dia de cinema. Fui ver um filme que pessoalmente a mim, diz-me muita coisa. Mas isso são conversas para outros artigos. Em relação ao filme, eu já tinha muita curiosidade em vê-lo, desde o dia em que vi pela primeira vez o trailer e que aliás, até falei dele aqui no blog há uns meses atrás. O filme já está em exibição desde o passado dia 31 de Dezembro e por isso, ele já não está presente em muitas das salas de cinema em Lisboa. No entanto, felizmente ainda consegui encontra-lo no El Corte Inglês e depois de ter visto o filme até ao fim, ou melhor, bastou ver os primeiros minutos do filme para que eu tivesse a certeza absoluta de que este “THE DANISH GIRL” era simplesmente maravilhoso!
Realizada por um homem que já está habituado a presentear-nos com grandes filmes, Tom Hooper soube uma vez mais surpreender-nos com uma obra de arte que merece toda a nossa atenção. Contando-nos aquela que poderá ter sido a história real daquela que foi a primeira transexual do mundo, Tom Hooper agarrou em dois artistas maravilhosos e com eles, soube fazer um filme lindo, um filme carregado de emoção, um filme muito delicado, um filme perfeito aos meus olhos, que durante o filme, não conseguiu conter algumas lágrimas e no fim... bem! No fim não consegui resistir! Enquanto os créditos passavam, deixei-me ficar ali a chorar pois é como eu disse no inicio deste texto, a história deste filme, por questões pessoais, mexe mesmo muito comigo.
O filme em si, não está nomeado para os Oscars, nem mesmo o realizador conseguiu essa proeza, no entanto, “A Rapariga Dinamarquesa”, conta com 4 nomeações, duas delas em categorias importantes. A de Melhor Actor e a de Melhor Actriz Secundária. E por aquilo que vi neste filme, apesar de ainda não conhecer o trabalho de todos os outros nomeados, acho que os protagonistas deste filme merecem ganhar o Oscar. O desempenho de ambos foi tão maravilhoso, tão convincente que facilmente eles tocaram no meu coração. Deixaram lá uma marca profunda, ao ponto de eu saber que tão cedo, não me irei esquecer desse filme.
Eddie Redmayne, por quem eu já sou apaixonado por ele desde o filme “Desejos Selvagens” (2007), onde ele era o objecto de desejo da própria mãe, aqui interpreta o papel de Einar Wegener, um pintor famoso da Dinamarca, que casado com Gerda (Alicia Vikander), aparenta ter uma vida feliz. Tudo na vida deles altera-se, quando Gerda, também ela artista, pede para que o seu marido vista umas meias de senhora, calce uns sapatos de senhora, e pede para que ele, pose para ela, já Gerda queria terminar uma das suas pinturas. Com essa atitude, algo que já estava adormecido há alguns anos, volta a despertar e com força na mente de Einar. Ao perceber que gosta de vestir-se e comportar-se com uma mulher, Einar, juntamente com a sua esposa, acabam por criar uma personagem, a doce Lili. Só que enquanto que para Gerda, a Lili não passa apenas de uma mera brincadeira, aos poucos, Einar vai percebendo que afinal não se consegue mais livrar-se da Lili. E quando Gerda percebe que o seu marido já não é o que era, isso irá ser um grande choque para a mulher que é perdidamente apaixonada por Einar. Apaixonada por aquele pintor que já não quer ser pintor, por aquele homem que já não quer ser homem ou pior, apaixonada por homem que na verdade nunca se sentiu homem, mas sim mulher. E claro que em plenos anos 20, um homem dizer que afinal, nasceu no corpo errado e sente que é mulher, aquilo era considerado loucura. Para os médicos, Einar estava completamente louco. Era esquizofrénico e tinha urgentemente que ser internado. A única pessoa que acreditou nele, que acreditou que na verdade Einar estava num corpo errado e que sim, ele era na verdade uma mulher, foi a sua própria esposa. Uma esposa que amava o seu homem e que mesmo sabendo que iria perder esse homem, esteve sempre do seu lado e ajudou-a a tornar-se numa mulher.
O desempenho Eddie Redmayne é maravilhoso. Vê-se mesmo que o jovem actor entregou-se de corpo e alma a essa personagem. Qualquer um que olhe para ele no filme, fica realmente convencido de que ele está preso num corpo que não é o seu mas, para além da sua maravilhosa interpretação, não posso deixar de salientar aqui o maravilhoso trabalho de Alicia Vikander. Tirando este filme, eu não me recordo de a ter visto em mais nenhum outro filme mas só com esse “A Rapariga Dinamarquesa”, eu fiquei rendido. Ela é uma excelente actriz e na pele de Gerda Wegner, acho até que consegue roubar toda a atenção. Apesar do filme contar a história do homem que quer ser mulher, o filme na verdade centra-se nesta Gerda que, nos anos 20, já estava muito a frente para o seu tempo. Eu próprio apaixonei-me pela Gerda. Eu próprio ambicionei ter uma mulher daquelas na minha vida e... que bom seria este mundo, se todos tivessem um coração tão grande como o dela. Adorei a personagem, adorei a actriz e muito sinceramente, estou a torcer por ela na corrida ao Oscar de Melhor Actriz Secundária.
Enfim! Depois de tudo o que já aqui disse, acho que já ficou bem claro que eu amei este filme e que recomendo a 100%. Assim que possível, vão vê-lo e preparem-se para as lágrimas que eu tenho a certeza que irão escorrer pelos vossos olhos.
Um abraço e até ao próximo filme...