Há uns meses atrás, graças ao glorioso mundo da internet, tive a oportunidade de acompanhar uma série que infelizmente ainda não chegou a Portugal e para ser sincero, acho que nunca chegará. O que é pena! A série tem muito potencial e tenho a certeza que seria do agrado de muitas pessoas, sejam elas homossexuais, bissexuais, lésbicas, transexuais e até mesmo heterossexuais. Mas eu estou para aqui a falar ‘da série’ mas para falar a verdade, eu deveria era estar a falar ‘das séries’. Porque sim! Há uns meses atrás tive a oportunidade de ver não uma, mas sim duas séries que se complementam uma com a outra e que confesso, nunca vi nada semelhante na televisão.
O nome RUSSELL T DAVIES, diz-vos alguma coisa? Talvez assim ao inicio podem achar que não vós diz nada mas, e se eu disser que o Russell T Davies é o criador da maravilhosa série “Queer as Folk”, será que esse nome já vós diz alguma coisa? Talvez a moçada mais jovem desconheça a série “Queer as Folk” – o que eu duvido! – mas o pessoal da minha geração, tenho a certeza que a conhece muito bem! Pois bem! O britânico Russell T Davies é também o criador de duas séries que estrearam no inicio deste ano, num canal britânico e que em três dias, eu acompanhei-as com a máxima atenção e digo-vos, as séries são mesmo espectaculares! Eu adorei e por isso, tinha que falar sobre elas aqui no MORE, pois na minha opinião, um blog serve para isso mesmo, para partilhar.
Apesar de serem duas – e que cabeça a minha, ainda não vós disse o nome das séries e isto porque se as disser, vou ficar com fome – elas praticamente funcionam como uma só. E essa ideia para mim foi genial! Àquilo que vemos num episódio de uma série, de um modo geral e numa outra perspectiva, podemos acompanha-la depois num episódio da outra série. Confusos?! Não! Não estejam porque a ideia é muito simples. O criador daquela que é talvez a maior e mais conhecida série de temática LGBT, um dia deve ter-se sentado em frente ao seu computador e começou a escrever um projecto, ao qual decidiu dar-lhe um nome bastante sugestivo: “CUCUMBER” (que em português quer dizer ‘pepino’). Ele deve ter gostado tanto dessa ideia mas no final, deve ter ficado com aquela sensação de que faltou acrescentar algo mais nesse projecto. Mas se fosse acrescentar, poderia correr o risco de colocar demasiada informação e com isso, fazer com que tudo ficasse uma verdadeira salada russa. Por isso, em vez de acrescentar algo mais ao ‘pepino’ já criado, ele resolveu com base nesse ‘pepino’, criar um outro projecto, ao qual também decidiu dar um nome bastante sugestivo de: “BANANA”. E assim, de uma só vez, nasceram duas séries, o “Cucumber” e o “Banana” que complementam-se uma com a outra. E uma só, é maravilhosa! Mas as duas juntas é... uma coisa do outro mundo! E para falar a verdade, da cabeça desse génio, para além dessas duas séries, ele criou uma terceira, o “Tofu”, que infelizmente ainda não tive a oportunidade de ver, e que ao contrário das outras duas séries, este “Tofu” é também uma série mas mais ao estilo documental. Ou melhor! É uma série com depoimentos dos actores/personagens, em relação aos temas abordados nas duas séries anteriores. Enfim! Digam lá se essa foi ou não uma esplêndida ideia que o Russell T Davies teve? E será que só com essa minha descrição, vocês já terão curiosidade em relação a elas? Mas eu vou-vos falar um pouco mais...
Tentando distinguir uma série da outra, aquilo que eu posso dizer é que enquanto que o “Banana” retrata um mundo e temas mais direccionados para os jovens que estão agora à flor da pele, o “Cucumber” é uma série mais madura. Madura no sentido de estar mais relacionada com os dilemas dos homens já feitos, dos homens já com uma certa idade. Mas independentemente da tua idade, ambas as séries são direccionadas para qualquer pessoa.
Em “Cucumber” acompanhamos o dia a dia e os vários dilemas do Henry (Vincent Franklin), um homem já com uma certa idade, com (aparentemente) um bom trabalho, um relacionamento sério e já muito duradoiro e que... por incrível que pareça ele é virgem. Será que dá para acreditar nisso? O melhor é verem e saberem qual é mesmo o seu grau de virgindade. Mas enfim! Apesar de ter amigos da sua idade, Henry vai começar a relacionar-se (não sexualmente, mas isso queria ele!), com jovens que só tem um pensamento na cabeça: o sexo. De um momento para o outro, a sua vida dá uma virada de 360º e ele vai acabar por partilhar um estúdio com Dean (Fisayo Akinade) e com o Freddie (Freddie Fox) que... Meu Deus! Preciso fazer aqui uma pausa para dizer o quanto este jovem é lindo de morrer! Esse loiro, com um corpo dos deuses, tira qualquer um do sério. Eu fiquei embasbacado a olhar para ele, sempre que aparecia em cena. Eu fiquei a sonhar com ele várias noites e dias, na altura em que vi a série. Eu até hoje não acredito como é que um jovem pode ser tão bom como aquele Freddie Fox? Enfim! Basta falar nele, pensar nele, no seu corpo deslumbrante, nos seus lábios, nos seus olhos... Ui! Já estou com calores mas... voltando ao “Cucumber”, quando Henry muda-se para o estúdio, rapidamente ele apaixona-se pelo jovem Freddie (pois qualquer um apaixonaria) e o seu principal objectivo na vida, passa a ser: “não irei morrer enquanto não tiver sexo com o Freddie”. E será que ele irá alcançar o seu objectivo? Claro que nessa série dividia em 8 episódios, muita coisa irá acontecer entre essas três personagens, que apesar de serem muitíssimo diferentes uns dos outros, vão conseguir criar bons laços de amizade e ver o crescer dessa amizade, é realmente muito bonito. Mas “Cucumber” não fala só de amizade. Fala também do amor, da morte, do ódio, da raiva e claro, fala também muito de sexo ou não quisessem todos eles passarem o tempo todo a quererem agarrar no ‘pepino’ dos outros. Há muita comédia, há muito drama e confesso-vos, houve muitos momentos no filme que chorei que nem um bebezinho abandonado.
Mas então, onde é que entra a “Banana” quando já existe um ‘pepino’? Enfim! Para quê contentar-se com apenas um ‘pepino’, quando se pode também ter uma ‘banana’? E para que a série “Banana” funcione realmente na plenitude, o melhor mesmo é primeiro verem o episódio dos mais maduros e só depois verem a série dos mais jovens. E olha que se fizerem isso, essa combinação vai ser perfeita! E garanto-vos que o “Banana” é tão perfeita quanto a outra série. Tem episódios mais curtos e não são seguidos ao contrário do “Cucumber”. Aqui, em cada episódio temos uma história diferente, com personagens diferentes, mas basicamente, todos os personagens que entram numa série entram na outra e vice-versa. Só que aqui, de uma forma muito descontraída, aborda-se temas como um jovem que só pensa em sexo e para acalmar um pouco a sua vontade, coloca uma cueca de castidade. Há também um episódio de uma jovem lésbica que ganha uma estranha obsessão por uma senhora que poderia ser a sua mão. De um jovem que vive no mundo da lua e depois de passar uma noite com o Freddie, já acha que ele será o seu namorado para sempre. Há ainda a história de uma transexual que tenciona relacionar-se com outras pessoas mas o seu ex-namorado não deixa, enfim! Ao todo encontramos oito histórias diferentes, umas mais engraçadas que outras mas todas genialmente bem escritas, bem realizadas e bem interpretadas pelo maravilhoso elenco.
E depois de todo este texto, escusado será dizer que eu sou fã destas duas séries e em breve , vou querer voltar a revê-las, juntando é claro, o ingrediente que falta (o “Tofu”). Mas para ser sincero, gostava de ver essa série num dos nossos canais de televisão mas... Será que estarei a sonhar demasiado alto? Apesar de eu nunca ter visto o “Queer as Folk” na televisão, já houve quem me dissesse que há uns anos atrás ela passou na RTP2 mas será que este canal teria coragem de passar essas duas séries que são bem melhores do que algumas que têm passado por lá? E será que a SIC Radical teria espaço para essas séries? E a FOX Life? Ou qualquer outro canal, será que um dia vão olhar para essas séries, com olhos de ver e decidirem transmiti-las? Então é assim! Se tu que estás a ler este artigo, trabalhas por acaso para algum canal de televisão, ou és director de programas de algum deles, aqui fica uma boa sugestão. E enquanto esta salada de ‘pepino’ e ‘banana’ não chegam aos nossos canais portugueses, aquilo que eu te posso dizer é: desenrasca-te! Mas a sério, não deixem de vê-la porque elas são realmente 5 estrelas! Ou melhor! Dez estrelas! Ou se calhar muito mais...
E... depois de tantos pepinos e de tantas bananas, acho que fiquei agora cheio de fome. Será que se encontram algumas por aí??